BPI: acordo anunciado entre Isabel dos Santos e CaixaBank "fica sem efeito" - TVI

BPI: acordo anunciado entre Isabel dos Santos e CaixaBank "fica sem efeito"

Banco culpa a empresária angolana pelo revés nas negociações e no acordo que tinha sido dado como certo há uma semana. Agora, processo para reduzir exposição a Angola, como manda o BCE, volta à estaca zero e o BPI arrisca multa de 162 mil euros por dia

"Sem efeito". Em comunicado enviado à CMVM, o BPI informa que "ficou sem efeito o entendimento que foi anunciado ao mercado" precisamente há uma semana, a 10 de Abril, e a solução que no quadro do mesmo estava prevista".

O BPI culpa Isabel dos Santos por este revés, ao dizer que o acordo falhou porque depois de ter sido anunciado a 10 de abril o entendimento entre os accionistas, por causa da angolana lidera. 

"A Santoro Finance desrespeitou o que tinha acordado e veio a solicitar alterações aos documentos contratuais acima mencionados".

A instituição liderada por Fernando Ulrich alega que "uma das alterações solicitadas, pela sua relevância, iria desfigurar gravemente a solução que fora acordada e comunicada ao Conselho de Administração do Banco BPI".

O banco afirma ainda que "está em contacto com o Banco Central Europeu para ser encontrada uma alternativa", uma vez que, no último ano, o BPI estava em situação de incumprimento do limite de grandes riscos e o BCE exigiu que fosse reduzida a exposição a Angola. Agora, volta tudo à estaca zero e, sem resolver o problema dentro do prazo, o banco arrisca ter de pagar uma multa de 162 mil euros por dia ao Banco Central Europeu.

Esta reviravolta surge um dia depois de Isabel dos Santos ter esfriado os ânimos sobre o acordo, dizendo que ainda havia "elementos" por acordar

O primeiro-ministro já reagiu ao desfecho que acabou por se verificar hoje, lamentando a situação. No entanto, afirmou confiar "que mesmo sem este acordo estejam criadas condições para que a administração do BPI e os seus principais acionistas possam tomar as decisões adequadas a poderem dar cumprimento às determinações das entidades de supervisão europeias sem grandes sobressaltos para a própria instituição e sem nenhum sobressalto ou perturbação do sistema financeiro nacional".

Já a porta-voz do Bloco de Esquerda defendeu que a banca é um assunto "sério demais" para ser deixado na mão de banqueiros. O secretário-geral do PCP, por sua vez, e sem se referir especificamente ao caso, disse que é preciso colocar a banca ao serviço das pessoas e da economia nacional.

No dia 10 de abril, o Banco Português de Investimento anunciou, em cima do prazo limite dado pelo BCE para resolver o problema da exposição a angola, que as negociações entre o espanhol CaixaBank e a Santoro tinham chegado finalmente a bom porto, depois de mais de um ano de impasse. As palavras usadas foram mesmo que as negociações terminaram “com sucesso”, embora não tenham sido revelados detalhes, porque estariam à espera da aprovação e formalização por parte das entidades competentes. 

As ações do BPI estiveram suspensas durante toda a semana, com a CMVM a exigir mais detalhes sobre o acordo que, vê-se agora, afinal não ficou totalmente fechado e acabou por ter um desfecho que nada fazia crer.

Acordo BPI - Isabel dos Santos

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