Os estivadores estão irredutíveis e dizem que a greve vai continuar. Mais: se não houver desenvolvimentos positivos por parte dos empregadores no Porto de Lisboa, ameaçam até prolongar a paralisação.
"A greve vai continuar. (...) Por agora temos o pré-aviso até 16 de julho. Com certeza que se até lá não houver desenvolvimentos ajustaremos o final da greve para um período mais dilatado"
Foi António Mariano, o presidente do sindicato dos estivadores, quem deixou essa garantia esta quarta-feira, depois de uma reunião com os profissionais do setor.
No encontro, estiveram também em cima da mesa os próximos passos para lidar com o despedimento coletivo anunciado e com o facto de haver agora presença policial à porta do porto.
Os estivadores entendem que essa é uma maneira de "coagir" os trabalhadores e dizem que os empresários "irão pagar por isso no sítio certo", sugerindo que vão avançar contra eles em tribunal.
Depois, António Mariano mostrou-se também indignado com o facto de outros trabalhadores "de uma empresa paralela" estarem a fazer o trabalho que, diz, deveria ser feito pelos estivadores. Os serviços mínimos "estão a ser cumpridos", garantiu, ironizando sobre o enquadramento legal que permite que trabalhadores externos "furem" a greve.
Também em relação a isso, os estivadores assumem fazer "ajustamentos" e questionam se as novas medidas dos empregadores terão "o apoio" do Governo.
O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, disse hoje no parlamento que a situação da tem que se resolver "com diálogo e com trabalho". "E isso é o que se está a fazer".
Já a ministra do Mar foi mais longe na dramatização, afirmando que a situação é muito grave porque põe em causa a própria sustentabilidade do Porto. Ana Paula Vitorino defende que chegou a hora de se encontrar uma solução definitiva. Por isso, deixou o apelo para "acabarem com este problema".
Depois das nove horas de protesto ontem, houve lugar a novo piquete de greve esta quarta-feira, desta vez no terminal da Sotagus em Xabregas, Lisboa, igualmente guardado por elementos da PSP, como na terça-feira, em Alcântara.
Várias dezenas de estivadores estão revoltados com "a eventual" presença de trabalhadores da empresa alternativa, a trabalhar junto aos contentores. Por isso, não arredam pé, tentando evitar a retirada de contentores.