Banco de Portugal muito mais otimista prevê desemprego de 5,6% em 2020 - TVI

Banco de Portugal muito mais otimista prevê desemprego de 5,6% em 2020

Embora preveja um abrandamento económico, entende que isso não impedirá que o desemprego continue a baixar para níveis que já não se viam desde 2002. Deixa, porém, o alerta de que o país devia estar a crescer mais do que a zona euro, e não o mesmo

É a maior novidade nas previsões do Banco de Portugal, conhecidas esta quarta-feira: a taxa de desemprego vai cair mais do que o esperado até 2020 e regressar a valores que já não se viam em Portugal desde 2002.

Segundo o banco central, a taxa deverá baixar para 7,3% este ano, 6,3% no ano que vem e para apenas 5,6% em 2020. A projeção é muito mais otimista do que em dezembro e o supervisor da banca admite estar surpreendido pela dimensão da queda do desemprego.

Uma situação facilmente explicada pelo turismo e pelo setor do imobiliário, que tem absorvido grande parte do desemprego de longa duração, criado no pré-crise, incluindo em faixas etárias mais elevadas.

Apesar do aumento no emprego, os aumentos nos salários serão contidos nos próximos dois anos, segundo estas previsões.

No que toca à evolução da economia, a instituição liderada por Carlos Costa mantém as projeções de dezembro, mais otimistas do que as do Governo: um crescimento 2,3% este ano e um abrandamento para 1,9% em 2019 e 1,7% em 2020.

Alguns alertas

O abrandamento acompanha a tendência europeia e deve-se muito à desaceleração da procura externa, mas também à Autoeuropa, já que o efeito do aumento na produção deverá dissipar-se.

Sobre esta tendência, o banco central deixa o alerta: Portugal devia estar a crescer mais do que a zona euro, e não o mesmo, para convergir com os parceiros da moeda única. Defende ainda o país devia tirar proveito do bom momento atual porque quando a conjuntura passar, vai ser muito mais difícil.

Também sublinha que "persistem fragilidades estruturais que não podem ser ignoradas" e que têm penalizado o potencial de crescimento da economia portuguesa. Exemplo disso mesmo é o elevado endividamento das empresas e das famílias, o envelhecimento da população e a produtividade ainda limitada.

"Forte desempenho das exportações"

O BdP admite, por outro lado, que subestimou as exportações, consideradas motor da economia. Subestimou-as "em particular do ganho de quota de mercado".

O crescimento do PIB nos próximos dois anos estará sustentado no "forte desempenho" dos bens e serviços vendidos aos estrangeiro e no "dinamismo" de outras duas variáveis: comparando com 2008, o ano anterior ao início da crise financeira internacional, o PIB "deverá ser 4,7% superior em 2020", com o consumo privado a aumentar 4% e o investimento empresarial a subir 6,4%.

As exportações - consideradas o motor da economia - devem crescer 7,2% em 2018, 4,8% em 2019 e 4,2% em 2020, com o BdP a antecipar novos ganhos de quota de mercado, "ainda que mais moderados ao longo do horizonte de projeção".

Deverão, mesmo, representar mais 70% do que o observado antes da crise financeira internacional. As exportações de turismo "mais do que duplicam" nestas projeções.

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