Onze meses depois de ter sido aprovada pelo Parlamento, a auditoria à gestão da Caixa Geral de Depósitos já foi finalmente decidida e está adjudicada à EY, até há pouco tempo designada por Ernst & Young. O ministro das Finanças fez o anúncio na Comissão de Orçamento e Finanças, no Parlamento. Vai demorar cerca de três meses e meio a ficar pronta.
"A auditoria não em curso, mas adjudicada, vai decorrer num período de 15 semanas", indicou aos deputados Mário Centeno, aqui respondendo a Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda.
A auditora atual do banco público é a Deloitte, sendo que o ministro não explicou se a adjudicação à EY teve por base algum concurso ou se se optou pelo ajuste direto.
Explicou apenas que a escolha feita com base em vários critérios variados, "em particular a escolha de auditora que não tenha estado associada ao período sobre o qual ela vai incidir", isto é, entre 2000 e 2015.
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Recorde-se que as auditoras, para além do supervisor Banco de Portugal, do regulador CMVM, da administração e do governo, também estiveram no centro do furacão na comissão de inquérito a outro banco, o BES.
Esta auditoria à CGD terá três áreas principais de análise: concessão de créditos, aquisição e alienação de ativos e decisões estratégicas de negócios.
"É um elemento importante de análise, mas não é o único elemento", já que têm sido feitas outras auditorias, sublinhou o ministro.
Há um grande acervo de informação, seguramente, no Banco de Portugal, em relação à gestão bancária em geral que será de explorar quando tivermos de avaliar de forma mais profunda e detalhada. (...) O que se passou não é muito diferente do que se passou com outros bacos. Estivemos demasiado tempo parados com a CGD".
Depois de concluída, a auditoria será endereçada às autoridades de supervisão. "Outras consequências dessa auditoria estaremos cá para as entender e concluir", rematou o ministro.
Não sem antes ter sublinhado as "vicissitudes" que o processo teve que fez com que a decisão sobre a auditoria levasse meses a ser tomada. Aí, atira culpas para o Banco de Portugal (BdP).
Depois da tomada de posse da administração de António Domingues, em agosto de 2016, "foi pedido pelo Governo à CGD que em colaboração com o Banco de Portugal se promovesse esta auditoria e houve reação do BdP, que supostamente apenas poderia intervir por questões prudenciais". Ora, o ministro diz que será a entidade liderada por Carlos Costa que "poderá seguramente esclarecer esta assembleia".
Quanto aos custos da auditoria, o ministro também nada adiantou.
O PSD fez um requerimento a pedir o caderno de encargos da mesma.