Igualdade de género económica só daqui a... 170 anos - TVI

Igualdade de género económica só daqui a... 170 anos

Agência Financeira

É a previsão do Fórum Económico Mundial que antecipa um retrocesso em relação à estimativa do ano passado. Mulheres ganham, em média, pouco mais de metade do que os homens, apesar de em geral trabalharem mais horas

Alcançar a igualdade de género em termos económicos será um processo muito difícil e demorado de conseguir. O Fórum Económico Mundial piorou as suas previsões, antecipando agora que isso só aconteça daqui... a 170 anos.

Ao ritmo atual, e tendo em conta o alargamento da desigualdade desde o ano passado, o fosso só deverá ser fechado dentro de 170 anos”.

As projeções de 2015 indicavam que o fosso poderia fechar-se dentro de 118 anos (ou seja, em 2133). No entanto, este processo inverteu-se desde então e o período aumentou para que esse feito só se alcance em 2186.

Como é que o Fórum Económico Mundial fez estas contas? Depois de analisar fatores como educação, saúde e sobrevivência, oportunidades económicas e participação política. Globalmente, a igualdade situa-se nos 68%, mas em termos económicos a percentagem de paridade desce para os 59%, uma proporção que, ainda assim, é a melhor desde 2008.

O relatório de 2016, divulgado esta madrugada, concretiza que as mulheres ganham, em média, pouco mais de metade do que os homens, apesar de em geral trabalharem mais horas.

O número de mulheres em postos de responsabilidade também se mantém baixo: apenas quatro países em todo o mundo têm o mesmo número de homens e mulheres a exercerem a função de deputados, funcionários de alto nível e diretores, apesar de 95 países terem atualmente tantas mulheres como homens com formação universitária.

A educação é a área em que mais se avançou. Já chegamos aos 95% em termos de igualdade e, apesar de uma ligeira deterioração, saúde e sobrevivência contabilizam 96%. 

“Dois terços dos 144 países incluídos no relatório deste ano podem gabar-se de ter acabado completamente com a desigualdade de género no que toca à proporção de géneros no nascimento, enquanto mais de um terço fez fechar o fosso totalmente em termos de esperança de vida saudável”, destaca o relatório, que é citado pela Lusa.

O setor em que a diferença de género é mais pronunciada, o empoderamento político, é também aquele em que se verificaram mais desenvolvimentos desde que o Fórum Económico Mundial começou a medir a desigualdade de género, em 2006. Nesta área, a igualdade de género situa-se agora em 23%, mais 1% que em 2015 e quase 10% mais elevado que em 2006 – segundo o método do Fórum, quanto mais elevada a percentagem, menor a desigualdade. No entanto, as melhorias acontecem tendo pontos de partida muito reduzidos: apenas dois países alcançaram paridade parlamentar e apenas quatro em cargos ministeriais.

Veja também: Mulheres continuam a perder terreno no trabalho

O Fórum salienta que há “países que começam a disputar a tradicional hegemonia das nações nórdicas no ‘ranking’ da igualdade de género”. 

Top 6 dos países com mais igualdade de género
Islândia
Finlândia
Noruega
Suécia
Ruanda
Irlanda

Na lista de 144 nações, Portugal fica em 31.º lugar, mas desce de posição nos índices de participação e oportunidade económica (46.º), formação académica (63.º), saúde e sobrevivência (76.º) e empoderamento político (36.º).

Após a Europa e a América do Norte, a região com maior igualdade de género é a América Latina e o Caribe, com 70%, bem como a Europa de Leste e a Ásia Central. A Ásia Oriental e o Pacífico conseguiram 68% de igualdade de género.

Quatro países da África Subsariana – Ruanda (5.º), Burundi (12.º), Namíbia (14.º) e África do Sul (15.º) – encontram-se nos primeiros 20 lugares, colocando a região na segunda posição, atrás da Europa Ocidental.

A região pior situada (com 61% de igualdade de género) é o Médio Oriente e o Norte de África.

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