Google alvo de multa recorde de 2,4 mil milhões pela Comissão Europeia - TVI

Google alvo de multa recorde de 2,4 mil milhões pela Comissão Europeia

Empresa já reagiu, dizendo estar "respeitosamente em desacordo" com Bruxelas. Motor de busca mais popular do mundo tem 90 dias para parar com as suas prática anticoncorrenciais ou terá de enfrentar multas bem pesadas

A Comissão Europeia decidiu aplicar uma multa recorde de 2,42 mil milhões de euros à Alphabet, dona da Google, por práticas anticoncorrenciais que violaram as leis europeias.

A Google é acusada por Bruxelas de abuso de posição dominante no mercado, ao promover nos resultados do seu motor de busca as suas próprias ofertas comerciais, não dando a visibilidade devida aos concorrência. Este caso remonta ao final de 2010.

A comissária europeia  responsável pela política de concorrência, Margrethe Vestager, já veio dizer que a Google criou "muitos produtos e serviços inovadores que marcaram a diferença nas nossas vidas" e que "isso é bom", mas a estratégia que utilizou no seu serviço de compras por comparação não respeitou as regras.

A Google abusou do domínio do mercado como motor de busca, promovendo os seus próprios serviços de compras por comparação nos resultados da pesquisa, rebaixando os concorrentes. O que a Google fez é ilegal, de acordo com as regras antitrust [concorrência] da UE. Negou a outras empresas a oportunidade de competir nos méritos e inovar. E, o mais importante, negou aos consumidores europeus uma verdadeira escolha entre os serviços e os benefícios da inovação".

Margrethe Vestager no anúncio da multa à Google

Nos últimos anos, de facto, a Google foi alvo de múltiplas queixas por parte de várias empresas devido à forma como controlava o mercado. As suas ações foram descritas como práticas anti competitivas - ameaças, pesquisas manipuladas e roubos de conteúdos - por parte das entidades oficiais.

A investigação durava há sete anos e envolveu uma série de reclamações de concorrentes. A Reuters cita o site de avaliação de consumidores dos EUA YELP, a TripAdvisor e a Foundem, a News Corp e o grupo FairSearch.

Esta é, basicamente, a maior multa de sempre aplicada a uma única empresa, superando em dobro a sanção de 1,06 mil milhões de euros de que foi alvo a Intel, em 2009.

A reação e os argumentos da Google

A Google já reagiu, dizendo que está "respeitosamente em desacordo" com Bruxelas. A empresa está agora a ponderar o que fazer, admitindo apresentar recurso. "Examinaremos detalhadamente a decisão da Comissão, ao mesmo tempo que consideramos um recurso e [vamos] apresentar a nossa argumentação”, refere o vice-presidente sénior e conselheiro geral da Google, Kent Walker, numa declaração escrita divulgada hoje pelas agências.

A multinacional argumenta que a exibição pelo motor de busca de “anúncios de ‘shopping’, ligando os utilizadores a milhares de anunciantes, grandes e pequenos”, é “útil para ambos”. “Quando alguém faz compras online, deseja encontrar os produtos que procura de uma forma rápida e fácil e quem anuncia pretende promover esses mesmos produtos”.

Acreditamos que a decisão da Comissão Europeia relativa ao Google Shopping subestima o valor dessas ligações rápidas e fáceis. Enquanto alguns websites comparadores de preços querem, naturalmente, que a Google os mostre de uma forma mais proeminente, os nossos dados mostram que as pessoas, geralmente, preferem links que os levam diretamente aos produtos que pretendem e não a ‘websites’ onde têm que repetir essas mesmas pesquisas”.

Para a Google, “mostrar anúncios que incluem fotos, avaliações e preços” beneficiam o motor de busca, beneficiam os anunciantes e, “acima de tudo, beneficiam os utilizadores”.

"E apenas os mostramos quando recebemos o seu feedback que são, de facto, relevantes. Milhares de comerciantes europeus utilizam estes anúncios para competirem com grandes companhias como a Amazon e eBay”, advoga.

A Comissão Europeia levanta dúvidas relativamente ao “porquê de alguns sites comparadores de preços não estarem tão bem quanto outros”. A Google entende que entende que Bruxelas não está a olhar pelo prisma correto. “Deveria considerar que muitos ‘websites’ têm crescido neste período”, designadamente plataformas como a Amazon e o Ebay.

A Google assegura que a pesquisa de produtos através da Google não visa o favorecimento próprio “ou de qualquer outro website ou vendedor em particular”. É “apenas do resultado de um trabalho árduo e uma inovação constante baseados no feedback dos utilizadores”.

Certo é que Bruxelas determinou que o motor de pesquisa mais popular do mundo na Internet tem agora 90 dias para parar com esse tipo de práticas ou arrisca-se a enfrentar sanções pecuniárias até 5% do volume de negócios diário médio da Alphabet.

 

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