Gastar mais do que aquilo que se tem, já se sabe, pode constituir um problema. O recurso ao crédito pode dar uma ajuda, mas a gestão do rendimento tem de ser muito bem feita para não ficarmos mergulhados em dívidas. Ora, as famílias que recorrem à proteção financeira da Deco - Associação de Defesa do Consumidor, recebem em média 1.070 euros mensais e gastam dois terços desse dinheiro em créditos.
Segundo dados do Gabinete de Proteção Financeira da Deco divulgados hoje, essas famílias gastam, anualmente, em média, cerca de 15.000 euros. Ou seja, mais do que ganham. Se multiplicarmos os 1.070 euros por 12 meses o resultado são 12.840 euros.
Na verdade, os empréstimos são as principais despesas mensais destas famílias, que gastam então 67% dos seus rendimentos (os tais dois terços) em crédito à habitação, pessoal e cartões de crédito, seguido da alimentação (onde despendem 18,6%) e dos serviços de água, luz e gás (10,8% dos gastos).
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INE tem outros dados
Por outro lado, a nível nacional o cenário é um pouco diferente. A Deco cita os dados do Instituto Nacional de Estatística indicando que as despesas com habitação (31,8%) são as que mais pesam nos orçamentos familiares, seguidas dos transportes (14,7%) e da alimentação (14,4%).
Estes dados mostram-nos ainda uma alteração significativa no peso que a alimentação tem no total dos gastos familiares. Trata-se de uma descida, no período de 26 anos, para metade: em 1989/90 era de 29,5%; atualmente representa apenas 14,4% do total".
A Deco realça que os custos com habitação, eletricidade, água, gás "dispararam". Representam um terço da despesa dos agregados (31,8%) contra apenas 12,4% em 1989/90.
Uma família gasta, em média, anualmente 20.916 euros. No entanto, se tiver crianças o valor médio aumenta para 25.892 euros por ano. Desce para 17.997 euros no caso de não existirem filhos menores dependentes.