Papéis do Panamá: uma viagem ao mundo discreto de Pereira Coutinho - TVI

Papéis do Panamá: uma viagem ao mundo discreto de Pereira Coutinho

  • Redação
  • Com Miguel Prado (Expresso), Micael Pereira (Expresso), Raquel Albuquerque (Expresso), Paula Gonçalves Martins (TVI), Patrícia Pires (TVI) e Consórcio Internacional de Jornalistas 
de Investigação (ICIJ)
  • 29 abr 2016, 20:00

O nome Goldeneye será, para a maioria dos portugueses, sinónimo de entretenimento e espionagem, remetendo para o 17º filme da saga James Bond. Mas para o empresário Vasco Pereira Coutinho é bem mais que isso

O nome Goldeneye será, para a maioria dos portugueses, sinónimo de entretenimento e espionagem, remetendo para o 17.º filme da saga James Bond. Mas para o empresário Vasco Pereira Coutinho é bem mais que isso. Goldeneye Finance Services é o nome da empresa que criou em 2009 nas Ilhas Virgens Britânicas como centro nevrálgico de uma parte do seu império, onde se destacam avultados investimentos imobiliários em vários países.

Vasco Pereira Coutinho é um dos mais discretos empresários portugueses. Amigo de Ricardo Salgado e irmão de João Pereira Coutinho (dono da SAG), tem na portuguesa Temple um dos seus veículos de promoção imobiliária. Outro dos seus ativos de referência é a gestora de ativos GEF. A fuga de informação da sociedade panamiana Mossack Fonseca vem agora mostrar como Vasco Pereira Coutinho se socorreu nos últimos anos de uma teia de estruturas offshore para conduzir os seus negócios. 

Os documentos que o Expresso e a TVI consultaram, no âmbito da sua participação no Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), a partir do arquivo disponibilizado pelo jornal alemão “Süddeutsche Zeitung”, indicam que Vasco Pereira Coutinho é o beneficiário final de toda uma estrutura que envolve offshores nas Bahamas, no estado norte-americano de Delaware, nas Ilhas Virgens Britânicas e em Malta. 

Uma carta de setembro de 2015 da Mossack Fonseca sobre a declaração de proveniência dos fundos de duas das empresas de Pereira Coutinho indica que o património resulta das poupanças pessoais do empresário. O mesmo documento clarifica que a Goldeneye estava a financiar um projeto imobiliário na América do Sul, mas também tinha investimentos na China. Um esquema interno da Mossack Fonseca, traçado três anos antes, mostra que a Goldeneye controlava a Try-Vin Holdings, de Malta, que, por seu lado, detinha a Valco Holding (das Ilhas Virgens), bem como 90% da empresa portuguesa Cidade do Porto - Investimentos Imobiliários. 

Segundo a Mossack, a Valco tinha como objetivo gerir investimentos noutras empresas. Foi a partir dessa offshore que Vasco Pereira Coutinho investiu 180 mil dólares para comprar 50% da empresa Prominvest, além de ter emprestado €530 mil à já referida Cidade do Porto. A todas as offshores estarão associadas contas no BCP, de acordo com a Mossack Fonseca. 

O Expresso e a TVI tentaram contactar Vasco Pereira Coutinho através dos escritórios da Temple, mas o empresário, ausente do país, não respondeu às questões colocadas. 

A empresa Cidade do Porto, criada em 2004, é gerida pelos dois filhos de Pereira Coutinho (Diogo e Vasco) e dedica-se à compra e venda de imóveis. Tem um capital social de 500 mil euros. Até 2012 acumulou um passivo em torno de 20 milhões de euros, que no ano seguinte foi substancialmente reduzido. 

A Prominvest é a empresa que desenvolveu o projeto Muxima Plaza, um complexo de habitação, escritórios e comércio no centro de Luanda, Angola, para o qual está previsto um investimento global de 198 milhões de dólares (175 milhões de euros ao câmbio atual). Este empreendimento figura na carteira de projetos da Temple na sua página na Internet.

Além dos negócios imobiliários, Vasco Pereira Coutinho tem investimentos noutras áreas, entre os quais uma unidade de torrefação de café em Macau.

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