Macedo na Caixa agrada à direita, PCP é contra, BE espera para ver - TVI

Macedo na Caixa agrada à direita, PCP é contra, BE espera para ver

Comunistas dizem que aquele que foi ministro da Saúde no último Governo PSD/CDS "não reúne condições" para ficar à frente do banco público. Catarina Martins diz que o BE "não tem uma enorme amizade" por Paulo Macedo

O PCP, que apoia o Governo no Parlamento, foi o único partido a mostrar-se frontalmente contra a escolha do Executivo socialista para liderar a Caixa Geral de Depósitos. O senhor que se segue é Paulo Macedo, que foi ministro da Saúde no anterior governo PSD/CDS-PP. Ora, à direita, o substituto de António Domingues agrada e o Bloco de Esquerda prefere esperar para ver. 

Quanto ao PS, que ainda não se pronunciou, em fevereiro de 2015 acusou o ex-ministro de ser "o principal responsável político" pelos problemas no acesso a medicamentos para a hepatite C, desafiando-o a avaliar se tem condições para se manter no cargo. Meses antes, era ainda 2014, os socialistas já consideravam que Macedo se estava a revelar "inadaptado" às funções.

PCP: "Oferece-nos muitas reservas"

No dia em que recorre o XX Congresso do PCP, Jorge Pires disse aos jornalistas que há "dois critérios fundamentais" para os comunistas para designar um líder para a CGD: "a competência, mas também da disponibilidade para servir o interesse público, estar aos serviço do país e dos portugueses". E, para os comunistas, Paulo Macedo não as tem.

A Caixa, sendo um banco público, o banco principal, e tendo conjunto de problemas precisa de alguém que coloque o banco a funcionar e Paulo Macedo, de acordo com estes dois critérios que consideramos fundamentais, não reúne estas condições"

Deu o exemplo do "percurso recente" de Paulo Macedo no governo PSD/CDS, dizendo que, enquanto ministro da Saúde, levou a que uma parte do Serviço Nacional de Saúde fosse sendo privatizado, para além de terem aumentado as transferências de dinheiros públicos para grupos privados na saúde e mais de um milhão e meio de portugueses tenham ficado sem médico de família.

Foi "um dos principais ministros de um Governo de má memória para os portugueses. Não pode dizer que não teve responsabilidade nenhuma naquilo que aconteceu nos quatro anos e, particularmente enquanto responsável no ministério da Saúde que fez um trabalho, na nossa opinião, negativo".  Daí avisar:

Paulo Macedo oferece-nos muitas reservas".

BE não tem "enorme amizade" por Paulo Macedo

Catarina Martins, a coordenadora do Bloco de Esquerda, reagiu assim aos jornalistas: "Não espera com certeza que eu lhe diga que o BE tem uma enorme amizade por Paulo Macedo, porque isso ninguém acreditaria". 

É uma escolha do Governo, o BE não participou nessa escolha nem teria de participar. Para o Bloco são fundamentais três coisas: transparência sobre o conselho de administração e já agora salários que sejam razoáveis no nosso país; transparência de como as decisões são tomadas; uma missão clara, de serviço público, um banco ao serviço da economia e não de mais um banco que faça o que os privados têm feito". 

A líder do Bloco esquera que "se abra uma nova fase na Caixa". "O Bloco de Esquerda manter-se-á como uma garantia de exigência, de transparência e que a Caixa Geral de Depósitos se comporte como um banco público”, avisou.

Catarina Martins declarou também que o seu partido não se ia pronunciar sobre o Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos. “O BE vai-se pronunciar sobre o cumprimento da lei, da transparência e do papel que a Caixa deve ter no país”.

A anterior equipa de António Domingues “demonstrou na prática que não servia a Caixa Geral de Depósitos, porque não cumpriu as regras da transparência, porque criou ruído, porque fez com que a notícia sobre a Caixa fosse o Conselho de Administração e não da Caixa ser um banco sólido, forte, ao serviço da economia”

PSD e CDS agradados com o nome

A oposição já reagiu à escolha do último ministro da Saúde do Governo PSD/CDS-PP para liderar o banco público. O PSD "respeita a escolha", ressalvando, no entanto que as "trapalhadas", até aqui, "foram uma questão de escolhas e más decisões, de incompetência do Governo".

TAntónio Leitão Amaro disse aos jornalistas, no parlamento, "qualquer que seja a administração, qualquer que seja o líder, há regras básicas a que têm de estar sujeitos: deveres de transparência, todas as regras do estatuto do gestor publico, limites aos salários". O PSD vai insistir no assunto com dos projetos de lei.

O dr. Paulo Macedo escolhido pelo Governo, segundo informações confirmadas, é um independente que respeitamos e estimamos, mas as regras, os princípios básicos de transparência, boa gestão pública, escrupuloso cuidado na aplicação do dinheiro dos contribuintes, valem independentemente das pessoas, por mais estimadas que elas sejam".

Já o CDS-PP defende que Paulo Macedo "tem condições para normalizar" a Caixa, disse o líder parlamentar dos centristas, Nuno Magalhães, com um recado para o Governo.

É urgente normalizar a situação da Caixa Geral de Depósitos, credibilizar externa e internamente a Caixa, assim o Governo lhe dê condições, o dr. Paulo Macedo tem a competência e as condições necessárias para desempenhar bem o cargo".

Frisou que a polémica à volta do banco público "nunca foi uma questão de nomes", mas "uma questão legal e ética". "Quem quer ser gestor público, tem de cumprir a lei". Tudo o que se passou "causou dano, prejuízo, à Caixa Geral de Depósitos, aos seus trabalhadores, aos seus depositantes e também ao país".

"O CDS sempre defendeu a existência de um banco público a 100%, forte e credível. Para isso é essencial e urgente que se faça processo de recapitalização do banco. Todo este processo foi uma irresponsabilidade e uma trapalhada do Governo e do primeiro-ministro, que assumiu compromissos em nome do Governo que não podia assumir, que passavam pela mudança lei da competência da Assembleia da República", acrescentou, voltando a exigir os esclarecimentos já pedimos na comissão de inquérito.

O PSD igualmente lembrou que esta semana voltou a enviar, por escrito, um conjunto de pedidos de esclarecimento ao primeiro-ministro, António Costa, (exigindo que os preste), como chamar o chefe de executivo à comissão parlamentar de inquérito sobre o banco público.

 

Continue a ler esta notícia