Governo aprova 263 projetos para o setor do leite com 45,4 milhões de apoio público - TVI

Governo aprova 263 projetos para o setor do leite com 45,4 milhões de apoio público

  • ALM com Lusa
  • 12 dez 2018, 11:52
Vacas Holstein

Entre estes projetos, encontram-se 68 referentes a jovens agricultores

O ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, anunciou hoje que, no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural 2020, para o setor do leite já foram aprovados 263 projetos com 45,4 milhões de euros de apoio público.

No total, só para o setor do leite, o Governo aprovou 263 projetos, a que corresponde um apoio público de 45,3 milhões de euros”, disse Capoulas Santos durante uma audição parlamentar na Comissão de Agricultura e Mar.

Entre estes projetos, encontram-se 68 referentes a jovens agricultores com um apoio público de 15,1 milhões de euros.

O Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020 atingiu 50% de execução em dezembro, acima da média europeia (cerca de 36,8%) conforme anunciou, na terça-feira, o ministro da Agricultura à Lusa, sublinhando que o executivo tem como meta atingir mais de 100% com os montantes adicionais injetados.

Para Capoulas Santos, estes valores demonstram “uma grande dinâmica no setor e no investimento”, não só porque “50% da execução financeira está garantida, a que corresponde um apoio público atribuído superior a dois mil milhões de euros, mas porque se encontram comprometidos, com candidaturas ainda a decorrer, 83% da dotação global do programa que é de 4.200 milhões de euros”.

Segundo os últimos dados disponibilizados pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, até dezembro, foram apresentadas 62.470 candidaturas ao PDR.

O Programa de Desenvolvimento Rural de Portugal foi aprovado na sequência da decisão da Comissão Europeia em dezembro de 2014 e visa o apoio às atividades do setor agrícola assentes numa gestão eficiente dos recursos.

Descarbonização não se vai resolver através dos bovinos

O ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural garantiu ainda que a redução da produção da carne de bovino não é a resposta para a descarbonização global.

A agricultura é o setor que mais fixa carbono, mas contribui também com 10% para as emissões. Temos de ter em conta que dos 10% apenas 2,5% dizem respeito às dominantes e os restantes à carne de bovino. Não parece que a [descarbonização global] se vá resolver através dos bovinos”, disse Capoulas Santos, questionado pelo CDS-PP, durante uma audição parlamentar na Comissão de Agricultura e Mar.

Em causa estão as medidas previstas no Roteiro para a Neutralidade Carbónica, que pretendem tornar o país neutro nas emissões de dióxido de carbono até 2050, tendo sido a redução da produção de bovinos proposta pelo ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes.

Para Capoulas Santos, as metas serão atingíveis sem afetar o setor, uma vez que baixar a produção de bovinos “e compensar com importações de outras partes do mundo não vai contribuir nada para a descarbonização”.

Apesar de ressalvar que se trata de uma matéria da responsabilidade do Ministério do Ambiente, o governante vincou que é um debate ao qual “o Ministério da Agricultura está muito atento, ávido de participar e de apresentar soluções”.

Esta tarde, os deputados da comissão parlamentar de Agricultura e Mar vão votar um requerimento para a audição dos ministros do Ambiente e da Agricultura no âmbito do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050.

Em 05 de dezembro, a Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri) considerou que a proposta do Ministério do Ambiente seria “o descalabro e a morte de parte do mundo rural”.

Em comunicado, a Confagri e as suas associadas Fenelac (leite) e Fenapecuária (pecuária) manifestaram a sua “sua total oposição às descabidas afirmações do ministro do Ambiente em que este vem publicamente preconizar, entre outros aspetos, a redução entre 25% e 50% dos efetivos bovinos”.

Já em 04 de dezembro, a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) manifestou “surpresa e oposição” face às medidas propostas.

A associação criticou as medidas do Roteiro para a Neutralidade Carbónica para o setor, referindo que “esta posição demonstra falta de conhecimento da realidade da agricultura portuguesa e só pode constituir uma intenção isolada do Ministério do Ambiente no conjunto do Governo”.

Por seu lado, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) acusou hoje o ministro do Ambiente de estar a assumir "razias para a produção pecuária nacional a pretexto da redução das emissões de carbono até ao ano de 2050".

 

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