Pode parecer paradoxal, agora que Donald Trump está na presidência dos Estados Unidos, mas a embaixada daquele país em Portugal está a ser chefiada por uma ex-refugiada curda.
Herro Mustafa é a encarregada de negócios da representação diplomática norte-americana, o que, na ausência de um embaixador, que Trump ainda não nomeou, faz dela a diplomata mais graduada em Lisboa.
Mustafa foi para os EUA com apenas três anos, depois de ter passado dois num campo de refugiados no Irão. O seu pai era um ativista curdo, o que o tornava num alvo para o regime de Saddam Hussein, que perseguia impiedosamente a minoria curda do Iraque.
Em 1976, Herro Mustafa e a sua família fizeram a mais improvável das trocas: Arbil, no Curdistão iraquiano, por Minot, no estado norte-americano do Dakota do Norte. Aí, com o apoio da comunidade local, ela encetou uma carreira académica bem-sucedida, que a levou a duas universidades de topo dos EUA (Georgetown e Princeton), onde se especializou em segurança e relações internacionais.
Herro Mustafa entrou na carreira diplomática em 1999 e rapidamente assumiu posições de destaque, como a chefia da administração civil de uma província iraquiana no período após a invasão norte-americana de 2003. Foi também assistente especial da secretária de Estado Condoleezza Rice e conselheira sénior do vice-presidente Joe Biden.
Numa entrevista exclusiva à TVI, Herro Mustafa assume-se como um exemplo da capacidade de integração dos Estados Unidos e garante que o seu país continuará a ser o maior apoiante mundial das organizações de socorro aos refugiados.