O amor de Henri e Betty é um mistério. Será que o pode ajudar a resolver? - TVI

O amor de Henri e Betty é um mistério. Será que o pode ajudar a resolver?

  • Sofia Santana
  • 22 nov 2017, 19:53
Carta de amor tornou-se um mistério para cineasta norte-americano

Inspirado pelo amor, movido pela ideia do romance, Doug Block partiu para um documentário que se tornou uma aventura pelo mundo, à procura destes dois apaixonados

Foi num postal com uma pintura de Monet que Henri declarou a Betty o seu amor e lhe pediu que o procurasse no Museu de Orsay, em Paris. E foi na cidade do amor, num momento em que nela se abriam profundas feridas, que esta carta foi parar às mãos de um cineasta norte-americano. Movido pela ideia do romance, Doug Block partiu para um documentário que se tornou uma aventura pelo mundo, à procura destes dois apaixonados. 

Doug Block estava em Paris, juntamente com a mulher, a celebrar o aniversário de casamento, quando a capital francesa foi abalada por atentados terroristas que fizeram 130 mortos. O dia 13 de novembro de 2015 ficou para a História pelas piores razões.

Alguns dias depois, era já o último da viagem, o casal decidiu fazer um longo passeio para aproveitar a luz de Outono. Nessa altura, Block lembrou-se do livro que pôs na mala à última da hora. “Paris Walks” (Passeios de Paris, em português) era um guia que tinha comprado numa loja em segunda mão.

O inesperado aconteceu no momento em que começou a folhear o guia: um misterioso envelope caiu ao chão, em câmara lenta, como no cinema. “Betty“ era a única palavra inscrita no envelope.

Caiu ao chão quase em câmara lenta”, recordou Block, em declarações à CNN

Dentro do envelope, que não estava fechado, havia um postal, adornado com uma obra de um dos mestres do impressionismo, Monet. A imagem, em tons  bucólicos era a obra "Woman Seated Under the Willows" (“Mulher Sentada Debaixo dos Salgueiros”). Lá dentro, havia palavras que formavam uma declaração apaixonada. No fim, a identificação do autor: Henri.

Vais procurar-me no Museu de Orsay? Estarei lá em alma e espírito, ainda que não fisicamente. Será lá que vais encontrar o meu amor por Monet”, dizia Henri na carta.

Quem era Betty? Quem era Henri? E o que é que este postal estava a fazer naquele guia de Paris? Estas eram as questões que passaram pela cabeça de Block imediatamente depois de ter lido aquela carta de amor. Na altura, não imaginava que este postal seria o início de uma verdadeira aventura, para celebrar o amor.

O cineasta transformou-se num verdadeiro detetive

Block e a mulher regressaram a Nova Iorque, mas os espectros de Betty e Henri mantiveram-se presentes no imaginário do cineasta.

Um ano depois, as eleições presidenciais norte-americanas dividiam a América e geravam um clima de grande crispação. Terá sido esse o estímulo de que o cineasta precisava pois foi aí que Block sentiu a urgência do amor e decidiu partir para a aventura.

 Achava que tinha de fazer alguma coisa movida pelo amor e pelo romance, pela minha sanidade mental”, sublinhou.

O norte-americano foi à procura de Betty e Henir, mas como se vai à procura de duas pessoas quando se sabe apenas os seus dois primeiros nomes?

Block transformou-se num verdadeiro detetive.

Sabendo que o quadro de Monet que fazia a capa do postal estava na Galeria Nacional de Arte de Washington, Block foi até lá filmar a coleção do museu. Achava que a vida amorosa conturbada do pintor podia, de alguma forma, estar relacionada com a relação de Betty e Henri.

Mas não se ficou por aqui. Block procurou todo o tipo de especialistas e estudiosos que o pudessem ajudar nesta missão: especialistas forenses, especialistas em caligrafia, romancistas e até físicos.  

Fui até um especialista forense, um especialista em caligrafia, um romancista histórico, que escreveu um livro sobre Monet”, vincou.

Um ano depois, Block ainda não encontrou Betty e Henri, mas a investigação ganhou uma vida própria.

Ficou claro para mim que é difícil encontrar Betty e Henri, mas a investigação é mesmo o coração do filme e a sua graça.”

O cineasta, que está na casa dos 60, imagina Betty como Audrey Hepburn nos clássicos rodados em Paris, mas cada pessoa com quem se tem cruzado tem a sua própria imagem deste casal.

Há uma idealização daquilo que eles são. O que é fascinante é que toda a gente com quem falei tem as suas próprias percepções de quem são a Betty e o Henri. “

E o cineasta não desiste: ainda espera descobrir Betty e Henri. De resto, apela a todos os que reconheçam aquela caligrafia, e que possam dar algum contributo para resolver este mistério, a contactarem-no através do Twitter.

No seu coração, Betty e Henri somos todos nós pois "toda a gente, independentemente da idade, é movida pelo romance". 

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