Daniel Ortega vai ser reeleito presidente da Nicarágua. Mesmo sem resultados finais, não há margem para dúvidas de que o antigo guerrilheiro vai continuar à frente dos destinos do país. Ao lado, fica a mulher na vice-presidência. Estão contados 21% dos votos da eleição de domingo, mas o FSLN de Ortega já leva 71% dos votos, de acordo com dados da Comissão de Eleições, revelados pela AFP.
É um resultado sem surpresa, mas tal não quer dizer que não seja incontestado.
“Não reconhecemos os resultados desta farsa”, disse Violeta Granera, do maior partido da oposição, segundo cita a AFP. O poder não permitiu que observadores estrangeiros monitorizassem o processo eleitoral.
Ortega desvalorizou as críticas, afirmando que as pessoas “votaram pela paz e pela segurança na Nicarágua”. Afirmações corroboradas pela mulher, Rosario Murillo, prestes a ser a formalizada como vice-presidente do país, e que descreveu o ato eleitoral como “exemplar”.
Formalizar Rosario Murillo como vice-presidente é a palavra certa, visto a influência que, na prática, a mulher de Ortega já tem nas suas decisões. Ela atinge uma exposição pública muito maior do que o marido, por vezes. E a ostentação de joias e roupas fazem dela notícia e alvo de crítica constante.
Mas, há mais uma interpretação a tirar da eleição desta mãe de sete filhos, que agora passa a partilhar a cama e o poder com Daniel Ortega. A eleição para vice-presidente pode ser só o trampolim para concorrer a Chefe de Estado nas próximas eleições, sucedendo ao marido, como aconteceu com Cristina Kirchner, na Argentina, e pode acontecer agora com Hillary Clinton. O futuro o dirá.
Por agora, parece certo que Daniel Ortega, de 70 anos, se prepara para o terceiro mandato consecutivo. Desde 2007 à frente dos destinos daquele país da América latina, tem sabido tratar bem os homens de negócios, mas tem uma exposição grande à dívida da Venezuela.