Chama-se Buthaina Muhammad Mansour, aparenta ter quatro ou cinco anos e está a recuperar do massacre que lhe matou a família.
Na sexta-feira passada, um bombardeamento ao bairro de Fash Aatan, em Saná, capital do Iémen, matou pelo menos 12 civis.
Os pais, os cinco irmãos e o tio de Buthaina morreram. Quando a reportagem da Reuters esteve no hospital a ver a menina, no sábado, esta ainda não sabia disso.
Estava desorientada e ferida, mas os médicos acreditam que vai recuperar totalmente.
Com ela estava outro tio, Saleh Muhammad Saad, que acorreu ao local quando soube do bombardeamento, e contou à Reuters o que viu:
Tentei tirar os destroços de cima do pai dela e da mulher, mas não consegui. Eles morreram. Quando conseguimos retirar os destroços, vi primeiro o irmão dela, o Ammar, que tinha três anos, e as quatro irmãs dela, todos mortos. Parei um bocado e gritei de dor. Mas recompus-me, voltei lá e foi aí que ouvi a Buthaina.”
O bombardeamento atingiu em cheio um edifício residencial. Os locais culpam a coligação liderada pela Arábia Saudita, que apenas comentou que vai investigar o incidente.
A coligação árabe intervém militarmente no Iémen desde 2014 e apoia as tropas leais ao presidente Abdo Rabu Mansur Hadi contra os rebeldes hutis, que controlam várias partes do país, incluindo a capital Saná.
Além dos bombardeamentos e dos já mais de 10 mil mortos desde essa altura, os iemenitas sofrem uma crise humanitária de grandes dimensões, sendo também vítimas de cólera e fome.
Recentemente, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou precisamente que as partes envolvidas no conflito facilitem a entrada de ajuda humanitária no Iémen.