Segundo dia de protestos na Bielorrússia termina com mais de 2.000 detidos - TVI

Segundo dia de protestos na Bielorrússia termina com mais de 2.000 detidos

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  • 11 ago 2020, 14:56

Eleições presidenciais de domingo são consideradas fraudulentas e desencadearam uma vaga de protestos contra o governo bielorrusso

Mais de duas mil pessoas foram detidas na segunda noite de manifestações de protesto na Bielorrússia contra os resultados das eleições presidenciais, disseram esta terça-feira fontes oficiais.

Em todo o país foram detidas mais de duas mil pessoas, entre outros motivos, pela participação em atos não autorizados", referiu o Ministério do Interior da Bielorrússia em comunicado.

As principais manifestações mais participadas, indica a mesma nota, decorreram em Minsk, Brest, Moguiliov e Novopolotsk.

Segundo as forças da ordem, durante as manifestações registaram-se agressões contra os agentes tendo 21 polícias ficado feridos. 

As eleições presidenciais de domingo são consideradas fraudulentas e desencadearam uma vaga de protestos contra o governo.

Oficialmente morreu um manifestante na segunda-feira.

No dia após as eleições, o Ministério do Interior informou que três mil pessoas foram detidas, entre as quais, jornalistas russos e bielorrussos. 

A principal opositora ao regime ditatorial de Lukashenko pediu a impugnação dos resultados eleitorais e refugiou-se hoje na Lituânia. 

Num vídeo divulgado hoje, Svetlana Tikhanovskaia confirmou ter tomado a “decisão difícil” de abandonar a Bielorrússia.

Tomei a decisão sozinha […] e sei que muitos me condenam, muitos me compreendem, muitos me odeiam”, afirmou Tikhanovskaia, candidata presidencial que, em várias semanas, mobilizou, para surpresa geral, multidões contra o regime de Alexander Lukashenko, vencedor da votação de domingo (cerca de 80% dos votos) e no poder há 26 anos.

De acordo com membros da oposição foi obrigada a abandonar o país.

Vídeo de Tikhanovskaia foi gravado sob ameaça, dizem apoiantes

A agência noticiosa estatal bielorrussa Belta difundiu hoje um vídeo da opositora Svetlana Tikhanovskaia a ler um papel e a pedir aos apoiantes que não se manifestassem, gravação que, segundo os defensores da candidata, foi feita “sob ameaças”.

No vídeo, divulgado na conta da Belta na rede social Telegram, que não está datado e que parece ter sido gravado num gabinete, Tikhanovskaia lê, numa voz monocórdica, um texto em que apela “ao respeito pela lei” e para que “não se saia às ruas”.

“Consideramos que este vídeo foi gravado sob pressão das forças de segurança”, reagiu à imprensa Maria Kolesnikova, aliada próxima da opositora, que, entretanto, se refugiou na Lituânia.

Sentada em um sofá preto, com uma janela atrás tapada com persianas verticais, Tikhanovskaia, 37 anos, nunca chega a olhar para a câmara.

Antes da difusão do vídeo, Tikhanovskaia já tinha divulgado um outro, olhando diretamente para a câmara depois de ter deixado a Bielorrússia com destino à Lituânia, sem que tenha feito qualquer apelo para as pessoas renunciarem aos protestos.

Segundo a equipa técnica da candidata da oposição nas eleições presidenciais de domingo, o vídeo divulgado pela Belta foi provavelmente gravado na noite de segunda-feira, quando a opositora foi retida durante várias horas da sede da Comissão Eleitoral Central (CEC).

Esteve sozinha durante três horas com representantes das forças de segurança. […] Nessas condições, qualquer pessoa que tivesse o marido na prisão teria gravado um vídeo assim”, frisou Kolesnikova.

 

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