#Oneless: americanos destroem armas em resposta a tiroteio na Florida - TVI

#Oneless: americanos destroem armas em resposta a tiroteio na Florida

Scott-Dani Pappalardo

Centenas de vídeos e fotografias surgem nas redes sociais. O movimento #Oneless é a reação dos norte-americanos à resposta de Donald Trump de armar os professores, para defender os alunos de eventuais tiroteios

Donald Trump quer armar os professores das escolas dos Estados Unidos, como medida para evitar massacres como o de 14 de fevereiro, na Florida, que matou mais 17 pessoas. Os americanos, detentores de armas (alguns há muitos anos) parecem ter outra solução: estão destruir as armas que têm para que mais ninguém morra diante delas.

Scott-Dani Pappalardo ameaça tornar-se símbolo deste movimento, que está a ser divulgado nas redes sociais com as hashtags #Oneless (uma a menos) e #Onelessgun (uma arma a menos). Scott tinha uma arma há 30 anos, comprada de forma absolutamente legal. Igual à que foi usada por Nikolas Cruz para matar 17 colegas e professores. Perante a tragédia, o novaiorquino resolveu serrar a arma a meio, “para que ninguém morra diante dela”.

Scott divulgou a destruição em vídeo e publicou-a no Facebook. São seis minutos e 10 segundos de um alerta sentido contra o uso de armas na América. O vídeo, divulgado há três dias, já foi visualizado quase 27 milhões de vezes e tem quase meio milhão de partilhas.

No vídeo, o homem explica porque tinha uma arma. Diz que “é divertido disparar” e que já atingiu “alguns alvos”, mas assegura que nunca matou ninguém com aquela arma. E acrescenta que, já quando aconteceu o massacre de Sandy Hook, em 2012, em que morreram 26 pessoas (entre elas 20 crianças), tinha dito que deixaria de ter armas de bom grado “se isso tivesse salvado a vida de uma única criança”.

Quando é que mudamos? Quando é que fazemos leis que afirmem que armas como esta não são aceitáveis na sociedade de hoje? O direito de ter esta arma é mais importante do que a vida de alguém?… Não me parece”, questiona.

 

Vou certificar-me de que esta arma nunca irá tirar uma vida”.

Depois, levanta-se, dirige-se para a serra elétrica que está atrás de si e corta a arma a meio.

Também no Facebook, Scott-Dani Pappalardo publicou uma fotografia da arma cortada em vários bocados com a hashtag #oneless.

O vídeo de Scott-Dani Pappalardo parece ter dado origem a um gigantesco movimento em todo o país.

A AR-15, igual à que Scott destruiu, é a arma mais popular nos Estados Unidos, dado que a sua venda é absolutamente legal e comprá-la é fácil. Tem sido também a arma mais utilizada nos homicídios em massa nos Estados Unidos.

É muito semelhante às metralhadoras utilizadas pelo Exército dos EUA, mas não é uma arma de guerra. A AR-15 é a versão semi-automática da M-16. Nos Estados Unidos, só a venda de armas automáticas está proibida. Mas tornar a AR-15 numa arma automática não é difícil: há no mercado dispositivos capazes de modificar a AR-15 e que custam menos de 100 dólares.

O movimento anti-armas despoletado nos Estados Unidos depois do massacre da Florida recuperou também uma imagem icónica da luta contra as armas. Em 2014, duas crianças apareciam numa fotografia – uma segurava um ovo Kinder e outra uma AR-15 – a legenda limitava-se a dizer que uma destas crianças segurava um objeto proibido nos EUA. O popular doce tinha sido proibido no mercado norte-americano, por causa dos perigos de asfixia que constituíam os brindes oferecidos pelo ovo.

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