O Papa Francisco visitou, esta sexta-feira, os antigos campos de concentração nazis de Auschwitz e Bikernau, na Polónia, numa homenagem com a duração de duas horas.
De acordo com a agência EFE, no início da visita, o chefe da Igreja Católica entrou a pé, sozinho, no campo de concentração de Auschwitz, através do portão principal com a inscrição "Arbeit mach frei" (O trabalho liberta), colocada pelos nazis durante a II Guerra Mundial (1939-1945).
Pouco depois de ter passado o portão, o Sumo Pontífice sentou-se num banco e rezou em silêncio, durante mais de dez minutos.
Em seguida, às 09:19 locais (08:19 em Lisboa), Francisco foi levado num carro elétrico para ir até ao Muro da Morte, onde os nazis executaram milhares de prisioneiros com uma bala na cabeça.
Recebido pela primeira-ministra polaca, Beata Szydlo, o Papa encontrou-se com um grupo de 12 sobreviventes polacos, judeus e ciganos, incluindo a violinista Helena Dunicz-Niwinska, de 101 anos. Francisco trocou algumas palavras com cada um dos sobreviventes.
Cerca de 25 católicos polacos que arriscaram a vida para ajudar judeus durante a ocupação nazi do país, nomeados "Justos entre as Nações" pelo instituto israelita Yad Vashem, falaram com o Papa da sua experiência.
Um deles ofereceu a Francisco uma vela, que o Sumo Pontífice colocou junto ao Muro da Morte, onde se inclinou, apoiado numa mão. Para homenagear as vítimas, o Papa acendeu uma lamparina de bronze em frente ao Muro da Morte, que deixou como presente pessoal.
O líder da Igreja Católica dirigiu-se depois à cela onde o sacerdote franciscano polaco Maximiliano Kolbe morreu de fome e de sede, em 1941, às mãos dos nazis, em troca da vida de um pai de família. A visita ao campo nazi decorre no mesmo dia em que se assinalam os 75 anos da condenação à morte do sacerdote, proclamado santo por João Paulo II em 1982.
O Papa visitará em seguida Auschwitz II-Birkenau, construído a três quilómetros de distância para que Hitler realizasse a chamada "solução final" com a qual pretendia exterminar todos os judeus. A Auschwitz II-Birkenau chegavam comboios repletos de deportados que seguiam diretamente para as câmaras de gás.
Francisco passará diante das lápides de mármore com inscrições nos 23 idiomas dos prisioneiros e colocará uma vela acesa.
No memorial de Birkenau, o grande rabino da Polónia Michael Schudrich vai ler o salmo 130, em hebraico. A mesma leitura será feita por um padre polaco oriundo de uma localidade onde uma família católica, em processo de beatificação, foi exterminada por ter acolhido e escondido judeus: Józef e Wiktoria Ulma e os sete filhos.
Dois papas, um polaco e outro alemão, visitaram Auschwitz, antes de Francisco: João Paulo II em 1979 e Bento XVI em 2006.
Ao regressar da viagem à Arménia, em Junho, Francisco manifestou aos jornalistas a intenção de rezar “em silêncio” no campo de concentração de Auschwitz, considerando-o “um lugar de horror”.
“Sozinho, entrar e rezar para que o Senhor me dê a graça de chorar”, adiantou.
O antigo campo de concentração nazi de Auschwitz é destino de milhares de jovens católicos que se deslocaram à Polónia para participar na Jornada Mundial da Juventude 2016, em Cracóvia.
O campo começou a funcionar em 1940 e foi libertado em 1945, com a chegada das tropas soviéticas.
Perto de 1,1 milhão de pessoas foram mortas em Auschwitz-Birkenau, incluindo um milhão de judeus europeus. Mais de 100 mil não-judeus, polacos, ciganos e prisioneiros de guerra soviéticos foram assassinados no mesmo local.
Uma das salas conserva ainda duas toneladas de cabelos humanos. Foi também em Auschwitz-Bikernau que foram usadas pela primeira vez as câmaras de gás.
No início da visita à Polónia, Francisco advertiu que o mundo estava a viver uma terceira guerra mundial fragmentada, lembrando as duas anteriores.