As forças de segurança francesas detiveram este sábado 157 pessoas na manifestação dos coletes amarelos em Paris, anunciou a polícia local, falando ainda em cinco vítimas ligeiras até às 18:00.
Menos manifestantes, menos danos e menos detidos é o balanço do quinto protesto dos coletes amarelos em Paris, mas a rejeição das medidas apresentadas por Macron continua e quem saiu à rua mostra-se cada vez mais politizado.
As autoridades contabilizaram cerca de 2.500 manifestantes em toda a capital, sendo que o dispositivo da polícia incluiu o destacamento de 8.000 agentes, 14 blindados - mais do que na última semana - e ainda o reforço de forças a cavalo.
A polícia tentou também enquadrar mais os manifestantes, encaminhando-os para perímetros mais limitados e não permitindo movimentações em grupo.
No passado sábado, as manifestações envolveram cerca de 125.000 pessoas em todo o país e 10.000 na capital.
Os “coletes amarelos” mantiveram esta nova jornada de luta apesar das medidas anunciadas na passada segunda-feira pelo Presidente francês, Emmanuel Macron.
Os Campos Elísios são o epicentro da convocatória parisiense, onde as autoridades mantêm um amplo dispositivo de segurança que inclui registos de quem quer aceder à avenida.
Todas as linhas de metro da zona foram cortadas e as linhas de autocarro desviadas.
Tal como na semana passada, diversos monumentos, museus e mercados parisienses encerraram hoje como medida de segurança, como o Arco de Triunfo, o Panteão, a Sainte-Chapelle e o Museu de Arte Moderno.
Desta vez estiveram, porém, abertos outros pontos turísticos, como a Torre Eiffel, o Museu do Louvre, a Ópera da Bastilha o Museu do Homem e os grandes armazéns, como os Lafayette e os BHV.
66 mil manifestantes
A mobilização dos “coletes amarelos” registou um claro recuo em toda a França, com cerca de 66.000 manifestantes às 18:00, em vez dos 126.000 contabilizados à mesma hora no sábado passado, segundo números fornecidos pelo Ministério do Interior.
Esta quinta jornada de contestação à escala nacional representou um teste para o Presidente francês, Emmanuel Macron, insultado nas manifestações e que emitiu na sexta-feira um apelo para o regresso à calma e ao “funcionamento normal” do país, após ter anunciado no início da semana medidas para repor o aumento do poder de compra destinadas a pôr fim a esta crise social sem precedentes, nascida nas redes sociais para exigir melhores condições de vida.
Os apelos para a não-adesão às manifestações multiplicaram-se não só na classe política, mas também entre os “coletes amarelos” moderados, após o atentado ‘jihadista’ de Estrasburgo, ocorrido na terça-feira à noite no mercado de Natal da cidade, que fez quatro mortos e 12 feridos.
Contrastando com a violência dos protestos dos quatro sábados anteriores, as manifestações de hoje decorreram, na maioria, de forma pacífica, apesar de confrontos esporádicos registados nos Campos Elísios, em Paris, onde a polícia dispersou os cerca de 300 ou 400 manifestantes ainda ali concentrados ao fim do dia, e depois reabriu a circulação.
Houve também distúrbios no sudoeste do país, em Toulouse e Bordéus, onde diversos projéteis foram disparados sobre as forças policiais, que ripostaram com canhões de água e granadas de gás lacrimogéneo.
Pouco antes das 18:00 locais (17:00 de Lisboa), 157 pessoas tinham já sido detidas em Paris, tendo 104 delas ficado sob custódia, e sete feridos ligeiros – muito aquém dos números recorde da semana passada, segundo o Ministério do Interior.
Entretanto, na Bélgica, a manifestação convocada pelos coletes amarelos reuniu entre 400 a 500 pessoas, numa ação que contou também com grande aparato policial.
No final, a porta-voz da polícia de Bruxelas, Ilse Van De Keere, disse que “tudo correu bem e não houve danos”.