O Parlamento Europeu atribuiu, esta quinta-feira, o Prémio Sakharov a duas mulheres Yazidi, Nadia Murad Basee e Lamiya Aji Bashar.
Originárias da região de Sinjar, no Iraque, Nadia Murad Basee e Lamiya Aji Bashar foram sequestradas e tornadas escravas sexuais pelo Estado Islâmico.
Sobreviveram e agora são conhecidas ativistas “dos direitos da comunidade yazidi" e porta-vozes das vítimas da campanha de violência sexual levada a cabo pelos jihadistas.
❗ O #PrémioSakharov 2016 vai para @NadiaMuradBasee e Lamiya Aji Bashar, defensoras da comunidade yazidi no Iraque. Parabéns! pic.twitter.com/Bjd8cCCP56
— Parlamento Europeu (@PE_Portugal) October 27, 2016
O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, considerou a atribuição do prémio uma decisão "muito simbólica e significante" para "apoiar estas duas sobreviventes que chegaram à Europa como refugiadas".
"Nós, como Parlamento Europeu apoiamos a sua luta, não só por causa da dignidade que queremos que seja garantida a toda a gente, mas também por serem testemunhas das atrocidades dos Estado Islâmico", frisou Schulz.
Milhares de mulheres Yazidi tiveram de abandonar as suas casas depois de os guerrilheiros do Estado Islâmico terem conquistado várias localidades do norte do Iraque. Foram separadas dos homens, abatidos a tiro, e vendidas como escravas.
Nadia Murad Basee tinha apenas 19 anos quando foi raptada na sua própria casa, na vila de Kocho, e levada para Mossul onde foi torturada e violada. Perdeu a mãe e os seis irmãos às mãos do Estado Islâmico.
Lamiya Aji Bashar, também de Kocho, tinha 16 quando foi sequestrada. Tentou fugir dezenas de vezes durante os 20 meses em que esteve em cativeiro.
Os Yazidis são considerados "infiéis" para o Estado Islâmico. As Nações Unidos já vieram afirmar que o grupo radical islâmico cometeu genocídio contra a comunidade no Iraque e na Síria.
Criado pelo Parlamento Europeu em 1985, o Prémio Sakharov para a Liberdade de Expressão distingue pessoas ou organizações que lutam pela defesa dos direitos humanos e da liberdade. O seu nome é uma homenagem ao dissidente e cientista soviético Andrei Sakharov.
No ano passado, o prémio foi atribuído ao blogger saudita Raif Badawi, que foi condenado a dez anos de prisão e 1.000 chicotadas por alegadamente ter insultado o islão.