Europa começou a reconhecer Guaidó como presidente da Venezuela - TVI

Europa começou a reconhecer Guaidó como presidente da Venezuela

  • Vanessa Cruz
  • Notícia inicialmente publicada às 9:19 e atualizada às 12:05
  • 4 fev 2019, 10:19

Tal como Portugal, outros países começaram a reconhecer o presidente do parlamento como quem deve convocar eleições. União Europeia assumirá posição conjunta, se nenhum estado apresentar objeções formais

O Governo português reconheceu Juan Guaidó "como Presidente encarregado de convocar eleições livres e justas na Venezuela", posição expressa e explicada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, posição político-diplomática que foi logo secundada pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

Portugal juntou-se assim a outros países europeus, como Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Áustria, Suécia, Holanda, Dinamarca, que já esta segunda-feira reconheceram o presidente do parlamento venezuelano, Juan Guaidó, como presidente interino, após expirar o prazo de oito dias para que o presidente Nicolás Maduro convocasse eleições presidenciais.

Portugal, Espanha, França, Alemanha, Holanda e Reino Unido tinham dado oito dias a Maduro para convocar eleições, um prazo que terminou no domingo.

União Europeia

Numa declaração preliminar, adiantada pela agência noticiosa Reuters, a União Europeia declarou "vontade em reconhecer" o líder da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, como presidente interino do país.

O projecto de declaração considera que qualquer reconhecimento é, antes de mais, uma prerrogativa nacional, que será a posição oficial da União Europeia, se nenhum dos 28 estados-membros levantar objeções formais até às 12:00 desta segunda-feira.

Os estados-membros da União Europeia reconhecerão o sr. Juan Guaidó, Presidente da Assembleia Nacional, como Presidente interino da Venezuela", refere o projeto de declaração, que exige "eleições presidenciais livres, justas e democráticas".

Áustria e Espanha

Domingo à noite, o chanceler austríaco Sebastian Kurz revelou ter mantido um contacto telefónico com Juan Guaidó, expressando-lhe o apoio do seu país.

Esta segunda-feira, a Espanha foi o primeiro país europeu a reconhecer oficialmente Juan Guaidó, como presidente interino da sua antiga colónia.

El Gobierno de España anuncia que reconoce oficialmente a Juan Guaidó como presidente encargado de Venezuela",

Traduzindo, o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, anunciou esta segunda-feira que Espanha "reconhece oficialmente Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela". Foi o primeiro país europeu a fazê-lo, esta manhã, mas logo também França, Reino Unido, Suécia e Dinamarca se seguiram. Portugal deverá fazê-lo também ainda hoje.

Nas próximas horas contactarei com os governos europeus e latino americanos. Guaidó deve convocar o mais rapidamente possível eleições livres, porque é o povo da Venezuela que deve decidir o seu futuro e à comunidade internacional cabe respeitar o resultado eleitoral e verificar o processo", disse Sanchez, sublinhando que a sua legitimidade emana das eleições.

O presidente do governo espanhol anunciou ainda um programa de ajuda humanitária para a Venezuela e sublinhou que Espanha lutará para que o país recupere a democracia plena.

França e Reino Unido

Em França, o próprio presidente Emmanuel Macron usou a rede Twitter para assinalar que "os venezuelanos têm o direito de se exprimir livremente e democraticamente. A França reconhece Guaidó como "presidente encarregado" de pôr em marcha o processo eleitoral".

Antes de Macron, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, afirmara que "Juan Guaidó está habilitado a convocar eleições presidenciais" na Venezuela. 

Da parte do Reino Unido, foi o ministro dos Negócios Estrangeiros quem fez o anúncio, frisando que Maduro não respondeu, em tempo útil, ao repto para convocar eleições presidenciais, pelo que reconhece Guaidó presidente interino até serem convocadas "eleições credíveis", com a "esperança" de que isso ponha "fim à crise humanitária" no país.

Alemanha e Holanda

Em Tóquio, onde se reuniu com o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe - que também reconheceu Guaidó -, a chanceler Angela Merkel assumiu que Guaidó "é o Presidente interino legítimo do ponto de vista alemão e também para muitos países europeus".

[Juan] Guaidó é agora a pessoa com quem estamos a falar e esperamos que inicie um processo eleitoral o mais rápido possível", realçou a chanceler alemã, após a recusa do Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em responder favoravelmente ao ultimato que tinha sido lançado por vários países europeus para organizar novas eleições presidenciais.

Esperamos que este processo seja feito de forma rápida e pacífica", acrescentou Merkel.

Antes de Merkel, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, em declarações à rádio e televisão Deutsche Welle, assumira que a posição alemã face à Venezuela "não é neutral. Estamos do lado de Guaidó, porque temos muita dificuldade em aceitar a reeleição de Maduro, devido a tantas irregularidades no processo".

Também a Holanda, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Stef Blok, anunciou o reconhecimento de Guaidó, passado "o fim do período de oito dias dado para a convocação de eleições democráticas e transparentes" na Venezuela.

O reino da Holanda reconhece Guaidó como presidente interino da Venezuela. Queremos que a liberdade e democracia regressem à Venezuela", escreveu Stef Blok, na rede Twitter.

"Presidente interino legítimo" 

A Suécia, também pela voz da sua ministra dos Negócios Estrangeiros, fez saber que "nesta situação, apoiamos e consideramos Guaidó como o Presidente interino legítimo", disse Margot Wallström, à televisão pública SVT.

A União Europeia fez um ultimato a Maduro para convocar eleições, prazo que Espanha, Portugal, França, Alemanha e Reino Unido indicaram ser de oito dias, findo o qual os 28 reconhecem a autoridade de Juan Guaidó e da Assembleia Nacional para liderar o processo eleitoral.

Ontem à noite, Nicolás Maduro respondeu tanto à União Europeia como aos Estados Unidos, com as mesmas palavras que já tinha dito dias antes: “Não aceitamos ultimatos de ninguém".

O ultimato para convocar eleições presidenciais termina precisamente hoje. Maduro só aceitou, até agora, convocar legislativas antecipadas. Não presidenciais.

A repressão dos protestos antigovernamentais da última semana provocou 40 mortos, de acordo com dados das Nações Unidas. Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.

Guaidó agradece

Já esta segunda-feira, às 8:00 em Caracas (12:00 em Lisboa), Juan Guaidó usou a rede Twitter para agradecer ao primeiro-ministro espanhol a posição de Madrid.

Ao final de domingo, o autoproclamado presidente Juan Guaidó agradeceu o primeiro apoio de um país da União Europeia, mesmo que informal, expresso pelo chanceler austríaco Sebastian Kurz.

Continue a ler esta notícia