Mais de 800 feridos em dia de referendo na Catalunha - TVI

Mais de 800 feridos em dia de referendo na Catalunha

Presidente do governo regional fala em "violência injustificada" da polícia

Pelo menos 844 pessoas foram assistidas na sequência de cargas policiais na Catalunha, onde neste domingo se realizou, contra a vontade de Madrid, o referendo independentista, de acordo com o último balanço dos serviços de saúde catalães. O governo catalão está a pedir a todos os que sejam vítimas da violência policial para apresentarem queixa.

Já o executivo de Madrid dá conta de 12 polícias feridos e três detidos, entre eles uma jovem, por desobediência.

Foi um domingo tenso na Catalunha, com milhares de eleitores a quererem votar e polícias nas ruas a tentarem impedi-lo. Num desses momentos, a polícia terá mesmo disparado balas de borracha numa rua de Barcelona, acusa o presidente do governo catalão.

Segundo Carles Puigdemont, trata-se de "violência injustificada, desproporcional e irresponsável", referindo-se, em declarações aos jornalistas, ao uso de bastões, balas de borracha e força física para impedir os catalães de votar.

O uso injustificado, desproporcional e irresponsável de violência por parte do Estado espanhol não só falhou na tentativa de impedir os catalães de votar como ajudou a clarificar todas as dúvidas que estamos hoje a resolver", afirmou, considerando, ainda, que "a imagem exterior do Estado espanhol atingiu hoje um nível de vergonha que o acompanhará para sempre".

O porta-voz do parlamento catalão, Adrià Alsina Leal, adianta que uma pessoa foi hospitalizada depois de ter sido atingida por uma bala de borracha.

Face à maior pressão policial, o governo catalão decidiu autorizar o voto em qualquer assembleia que esteja aberta e não apenas naquelas em que os eleitores estão inscritos.

Devido à apreensão de boletins de voto, foi também autorizada a votação em cópias de boletins disponíveis online, anunciou o porta-voz do governo regional, Jordi Turull.

Recorde-se que o referendo foi proibido e que a polícia catalã, os Mossos d'Esquadra, devem respeitar as indicações de Madrid, o que não está a acontecer em diversas assembleias de voto, limitando-se a fazer a ata, mas sem impedir o referendo, como testemunhou a TVI.

O delegado do Governo nacional na Catalunha criticou a inação desta polícia regional, alegando que Madrid “viu-se obrigada a fazer o que não queria”, ou seja, usar autoridades nacionais para impedir as votações.

A atitude da polícia regional “pôs em risco, de maneira irresponsável, o prestígio” das autoridades catalãs, disse Enric Millo numa conferência de imprensa na delegação do Governo em Barcelona.

“Os ‘Mossos’ tinham uma ordem policial de impedir a celebração do referendo ilegal, por isso deveriam evitar que se abrissem os denominados centros eleitorais”, afirmou.

Os Mossos d'Esquadra fecharam, até às 15 horas locais, 92 colégios eleitorais em toda a Catalunha, para onde também foi destacada a Guardia Civil e a Polícia Nacional para impedir que estes pontos de votação abram. A polícia nacional antimotim tem forçado a entrada nos locais usando escudos e equipamentos para quebrar correntes ou partir vidros, levando as urnas.

A Polícia Nacional e a Guardia Civil também mobilizaram agentes para vários colégios eleitorais da Catalunha para travar o referendo. Os agentes da Polícia Nacional apareceram em pelo menos quatro pontos de votação de Barcelona, onde tentaram romper o cordão de pessoas concentradas frente às assembleias de voto para encerrá-las, como ordenou o Tribunal Superior de Justiça da Catalunha.

Os catalães começaram a votar às 09:00 (08:00 de Lisboa) nos colégios eleitorais que conseguem manter-se abertos, com a polícia a poder aparecer a qualquer momento para os encerrar.

O presidente do governo regional da Catalunha ('Generalitat') votou em Cornellà de Terri, evitando o pavilhão desportivo escolar de Sant Julià de Ramis, em Girona, onde estava inscrito, por ter sido ocupado por meia centena de agentes da Polícia Nacional e da Guardia Civil. Carles Puigdemont votou noutra zona de Girona, a quinze quilómetros do local onde estava inscrito, como o próprio anunciou no Twitter.

He votat a Cornellà. Cues molt llargues. La seva dignitat contrasta amb la indignitat de la violència policial. pic.twitter.com/rnWEVBOu5Q

 

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