Primeira-ministra da Dinamarca pede perdão em lágrimas após visita a quinta de criação de martas - TVI

Primeira-ministra da Dinamarca pede perdão em lágrimas após visita a quinta de criação de martas

  • Henrique Magalhães Claudino
  • 26 nov 2020, 17:49

A Dinamarca ordenou a morte de 17 milhões de martas, numa tentativa de combater a crise pandémica

De lágrimas nos olhos e visivelmente emocionada, a primeira-ministra da Dinamarca visitou esta quinta-feira uma quinta de criação de martas, na sequência da ordem do governo de abater todas os 17 milhões de animais para tentar travar o número acentuado de contágios por covid-19 no país.

Mette Frederikson tem estado sob fogo após a decisão, que mais tarde admitiu ser ilegal, enfrentando agora uma moção de censura no parlamento.

A ordem foi dada depois de as autoridades terem detetado surtos de covid-19 em centenas de quintas de criação de martas, incluindo uma nova estirpe do vírus, suspeita de ser capaz de comprometer a eficácia das vacinas.

Temos duas gerações de criadores realmente qualificados, pai e filho, que em muito, muito pouco tempo tiveram o trabalho de uma vida destruído”, disse Frederiksen aos jornalistas, após uma reunião numa quinta em Kolding, na região ocidental da Dinamarca.

 

Tem sido emotivo para eles, e ... Desculpe. Para mim também”, afirmou Frederiksen com uma voz vacilante e interrompida pelas constantes pausas que fez para respirar entre palavras.

A decisão de abater toda a população de martas da Dinamarca, uma das maiores do mundo e altamente valorizada pela qualidade da pele, deixou o governo a cambalear depois de admitir que não tinha base legal para ordenar a morte de animais saudáveis.

Não tenho problemas em pedir desculpa pelo curso dos acontecimentos, porque de facto erros foram cometidos", disse Frederiksen à emissora TV2.

Desde que a ordem foi dada no dia 4 de novembro, o executivo dinamarquês tem vivido dias altamente tumultuosos. Na semana passada, a ministra da Agricultura anunciou a sua demissão depois uma investigação interna ter posto em causa as suas medidas para combater a covid-19.

Entretanto, a Dinamarca já seguiu o exemplo dos Países Baixos que, em agosto passado, decretaram o fim da prática de criar martas para a indústria de peles naquele país, após o registo de vários focos de infeção pelo novo coronavírus em explorações dedicadas à criação destes pequenos mamíferos.

A criação de martas, ou visons, é a terceira maior fonte de exportação do país e é responsável pela produção de 40% das peles do mundo.

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