Barómetro de Notícias: Crime e Castigo. De Aguiar da Beira para o Orçamento do Estado 2017 - TVI

Barómetro de Notícias: Crime e Castigo. De Aguiar da Beira para o Orçamento do Estado 2017

  • Hélia Gonçalves Pereira, Professora Auxiliar de Marketing do ISCTE-IUL
  • 21 out 2016, 15:31
Proposta de Orçamento do Estado para 2017

A semana que hoje se encerra é marcada pelo OE2017, considerado para mais ou menos metade dos portugueses (os de direita) um castigo adicional de que serão alvo. Por outro lado, os crimes de Aguiar da Beira e a caça ao homem que temos tido oportunidade de assistir, quase em tempo real, podem bem vir a ser inspiradores para um novo episódio do Inspetor Max, agora que vai ser reeditado

O número de notícias no rescaldo da entrega do Orçamento do Estado mostra que os portugueses continuam interessados em temas socialmente fraturantes e que, nos partidos, impera o mais do mesmo, ou seja, a guerra de argumentos – nalguns casos vazios de conteúdo - está ao rubro. O Partido Socialista acusa Maria Luís Albuquerque de “descarada”, pelo seu ataque às medidas propostas no documento. Pelo contrário, a direita que, quando esteve no poder, foi responsável pelo mais “brutal” aumento de impostos de sempre, vem agora acusar o OE2017 de promover instabilidade fiscal, ter insensibilidade social e, ironicamente, ser “um curioso mecanismo de justiça social”. 

Ainda Mário Centeno estaria a despedir-se de Ferro Rodrigues, depois da entrega da versão final do documento, e já incandescia a discussão sobre o fim da sobretaxa de IRS. Esta acaba ou não? Parece que sim, mas devagarinho. Boas notícias são as relacionadas com o fumo branco para a atualização de pensões.

O Governo defende que os efeitos orçamentais esperados pelas medidas propostas vão permitir à equipa liderada por António Costa afastar o estigma da austeridade que, apesar de tudo, ainda se vai sentindo a cada página da leitura do documento.

As negociações à esquerda lá conseguiram chegar a bom porto, é o que parece, mas o secretário de estado dos assuntos fiscais, ao afirmar que “a sustentabilidade das finanças públicas tem de ser uma bandeira de esquerda” promete muitas taquicardias na Soeiro Pereira Gomes.

Por terras de Aguiar da Beira, o suspeito dos crimes continua, há já 10 dias, a ser procurado pela polícia. A GNR afirmou, ainda hoje, que as operações estão em curso de forma muito discreta e que a segurança das populações está garantida. Isto não invalida que os locais se sintam personagens de um filme policial, e avancem teses sobre a matéria, proponham soluções para a captura do fugitivo e partilhem com a polícia dados “muito credíveis” sobre o seu paradeiro. A detenção de Pedro Dias já esteve, segundo as autoridades, iminente... mas não passou disso. A dúvida persiste - estamos perante um sociopata ou um “Rambo”?

Teremos sempre a garantia de ter notícias para comentar se o futebol continuar a ser um conjunto de tribos apaixonadas. Esta semana foi tempo de Liga dos Campeões: aqui, o Sporting acabou derrotado em Alvalade, levando mais de 40.000 adeptos de volta a casa com semblantes fechados mas sempre esperançados; o Porto começou a perder mas acabou a ganhar; finalmente, o Benfica, na Ucrânia, deu – segundo os seus adeptos, um “show de bola” e arrecadou os tão ambicionados 3 pontos. Mesmo assim, não têm a vida fácil no seu grupo.

Menos excitante em número de notícias mas incontornável, é o tema das eleições regionais nos Açores. Aqui, de algum modo, business as usual. PS mantém a maioria absoluta (a 4ª, consecutiva), embora tenha perdido um deputado; BE e CDS crescem. Preocupante, mesmo, é a indiferença do eleitorado manifestada de forma clara nos quase 60% de abstenção. Para onde vai a democracia, assente no papel ativo dos cidadãos na escolha de quem os governa?

Por terras do tio Sam, os últimos dias não têm corrido bem para Trump. Desvario parece ser a palavra de ordem. Para o candidato republicado, Hillary é vigarista, mentirosa, irá para a prisão se ele for eleito mas, não se pode menosprezar, nas últimas horas também é “feia”! Madonna, entretanto, aparece em ação e o seu apoio a Hillary, assente agora numa proposta, enfim, algo radical e de demorada implementação promete aquecer ainda mais os ânimos e a pergunta que se impõe na América é “Onde me posso inscrever”? Bizarro? Talvez. Viral? Completamente. E, hoje, a comunicação vive disso.

Enfim, para a semana há mais. Do mesmo? Logo veremos.

 

 

 

Ficha técnica:

O Barómetro de Notícias é desenvolvido peloTelo, Miguel Crespo e Ana Pinto Martinho. A codificação das notícias é realizada por Rute Oliveira, João Lotra e Sofia Barrocas. Apoios: IPPS-IUL, Jornalismo@ISCTE-IUL, e-TELENEWS MediaMonitor / Marktest 2015, fundações Gulbenkian, FLAD e EDP, Mestrado Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação, LUSA e OberCom.
 

Análise de conteúdo realizada a partir de uma amostra semanal de aproximadamente 411 notícias destacadas diariamente em 17 órgãos de comunicação social generalistas. São analisadas as 4 notícias mais destacadas nas primeiras páginas da Imprensa (CM, PÚBLICO, JN e DN), as 3 primeiras notícias nos noticiários da TSF, RR e Antena 1 das 8 horas, as 4 primeiras notícias nos jornais das 20 horas nas estações de TV generalistas (RTP1, SIC, TVI e CMTV) e as 3 notícias mais destacadas nas páginas online de 6 órgãos de comunicação social generalistas selecionados com base nas audiências de Internet e diversidade editorial (amostra revista anualmente). Em 2016 fazem parte da amostra as páginas de Internet do PÚBLICO, Expresso, Observador, TVI24, SIC Notícias e JN.  

 

 

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