No seu habitual espaço de comentário, Manuela Ferreira Leite traçou um perfil da pobreza em Portugal e explicou que as dimensões estruturais e conjunturais do problema devem ser combatidos de forma diferente. A comentadora sublinhou ainda que os apoios sociais são fáceis de se implementar politicamente, mas não resolvem os travões sociais.
Ferreira Leite afirma que a pobreza conjuntural - aquela originada por fenómenos específicos, como uma pandemia - não deve fazer-nos esquecer da realidade diversa “que é a pobreza estrutural”.
Esta última, argumenta a comentadora, “conduz a que a pobreza se transfira entre gerações”. “É uma Realidade que retira perspectivas de vida, elimina o elevador social e leva a que as pessoas emigrem”, sustenta.
Este tipo de pobreza medular não pode ser resolvido com a atribuição de apoios sociais. Até porque estes últimos podem mesmo agravar e paralisar a vida de muitos daqueles considerados pobres.
É muito fácil e popular afirmar que se combate a pobreza com apoios sociais, mas isso perpetua o problema e arrasta as gerações seguintes para a mesma realidade”, destaca a comentadora.
A única forma de travar a dimensão estrutural da pobreza é com um sistema educativo suficientemente forte para ultrapassar as debilidades de algumas classes sociais e apostar no crescimento económico para que existam melhorias salariais, defende Manuela Ferreira Leite.
Questionada sobre o impacto que os fundos europeus para a formação podem ter, nomeadamente no desemprego, Ferreira Leite explica que “nenhum país fica imune à ideia de os aplicar”.
Porém, afirma, “muitas vezes estas formações não são correspondentes às necessidades laborais do país”.
Na mesma linha, a comentadora diz que é perceptível, especialmente ao analisar o ramo turístico, que “grande parte do nosso emprego é muito pouco qualificado”.