Paulo Portas considera que Portugal está “num bom caminho”, no entanto, o comentador alerta que esse caminho “ainda não terminou”, apesar da melhoria significativa registada em Portugal nos últimos meses, com o país a aproximar-se da média da União Europeia, no que toca ao principal índice de transmissão, o R(t).
O comentador da TVI alerta que, apesar dos números serem “muito positivos” e o alívio no número de óbitos e de internamentos em cuidados intensivos já seja bem notório, estes números são ainda muito superiores aos que levaram ao desconfinamento em maio de 2020.
Comparando com o valor com que desconfinámos, em maio do ano passado, ainda temos quase o triplo do número de casos diários”, frisou.
Sobre o caminho para o tão desejado desconfinamento, o comentador apontou para os quatro critérios sugeridos pelos especialistas Carlos Antunes e o professor Manuel Carmo Gomes para termos como base de atuação.
Só é possível gerir o desconfinamento e combater uma pandemia ouvindo a ciência”, afirmou.
Paulo Portas teceu ainda duras críticas ao Governo, que considera ter tomado decisões “por capricho” ao invés de escutar a ciência. O comentador foi ainda mais longe, ao lembrar que “em novembro e dezembro” todos os países sabiam qual era o risco e, ainda assim, foram tomadas “as decisões que foram tomadas”.
Nós achámos que éramos imunes ao risco”, criticou.
Portas sublinhou a subida de Portugal para 10ª posição dos países que mais vacinaram contra a covid-19, na União Europeia. O comentador sublinhou que o registo é positivo, mas alerta que a “média europeia é fraca”.
VEJA TAMBÉM:
-
"Há mais de 100 países que ainda não receberam qualquer vacina"
-
Portas recorda os quatro "critérios cumulativos" a ter em conta para o desconfinamento
-
"Há gestos, atitudes e decisões que representam um sinal de esperança"
Houve ainda espaço para falar sobre o Plano de Recuperação e Resiliência apresentado pelo Governo. O comentador analisou as 51 mil palavras que constam no documento e revelou que “hotelaria” e “restauração” não aparecem uma única vez no documento.
É muito surpreendente, porque hotelaria e restauração foram setores que foram de tal forma fustigados que não podem deixar de estar num plano de resiliência”, explicou.
Outro dos contrastes apontados pelo analista prende-se no uso das palavras “função pública”, utilizada 56 vezes, e “setor privado”, utilizado apenas duas. Para completar, o comentador mostrou dados que demonstrar o peso superior do investimento privado na economia, que representa 84% dos postos de trabalho e 85% do valor acrescentado.
Para que país é feito este plano? Porquê este preconceito com o setor privado?”, questionou.