Porque o amor não tem peso - TVI

Porque o amor não tem peso

  • Cláudia Lopes
  • 17 nov 2016, 11:41
Bebé

No Dia Internacional da Prematuridade, a jornalista da TVI Cláudia Lopes dá o seu testemunho

Porque o amor não tem peso…

Nem tem tamanho. Porque o amor, o nosso amor por ti, é muito maior do que o peso com que nasceste.

Nascer prematuro é nascer antes de tempo, antes do nosso tempo, do tempo para estarmos preparados para te ver tão pequenino, tão frágil, tão indefeso.

Quando nasceste não te peguei, não te cheirei, nem te pude abraçar. Quando tu nasceste levaram-te numa caixa e encheram-te de fios. O pai só te viu passar a caminho dos cuidados intensivos.

Soubemos nesse dia que o nosso mundo mudou, isso é o lugar-comum. O incomum é que sabíamos que sozinhos não podíamos cuidar de ti. Sabíamos que dali a três dias não te íamos levar para casa. Saímos sozinhos, sem ti, saímos com o sentimento que te estávamos a abandonar. Ninguém nos preparou, nem prepara, para esse momento: o dia em que saímos da maternidade e deixámos lá o nosso filho. Não há aperto maior no coração. Chegar a casa e ver tudo o que preparámos, a cama que o pai montou, mas tu não estás lá porque estás numa incubadora.

Quando tu nasceste e sempre que me lembro esse dia choro… não de dor, mas de aperto. Do aperto que ainda hoje sinto no peito da hipótese de que te aconteça alguma coisa.

Para nós serás sempre o nosso bebé. Pequeno, frágil e que trouxemos para casa com pouco mais de dois quilos. Ver-te crescer tem sido o nosso maior projeto e nosso maior desafio. Aprendemos a explicar na ponta da língua o conceito “idade corrigida” cedo, muito cedo deixámos de nos importar com os outros bebés, os seus refegos e os seus tamanhos. Tu foste crescendo e hoje, dois anos depois, és o bebé mais maravilhoso do mundo, porque é assim que tem de ser. Porque os nossos bebés são sempre os mais maravilhosos. Mas para nós serás sempre o nosso maior exemplo, a determinação com que te agarraste à vida, a força com que quiseste sobreviver, a resiliência com que ultrapassaste cada dificuldade serão sempre a força que nos guia. Disseram-nos muitas vezes que és um guerreiro. És seguramente um resistente. Um lutador.

Um dia havemos de te contar a tua história. Mas para ti será sempre apenas uma história, como é para todos os que não fazem ideia, nem podem fazer, do que é segurar um filho com mais de um quilo. Por isso o nosso amor por ti não tem tamanho, não tem peso… é e será sempre muito maior do que o número que um dia a mãe e pai escreveram na pele: 1380.

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