TSU faz Francisco Assis sugerir eleições, PS responde - TVI

TSU faz Francisco Assis sugerir eleições, PS responde

  • Redação
  • VC - Atualizada as 12:30
  • 19 jan 2017, 08:19

Aquela que é provavelmente a voz socialista mais crítica aos acordos celebrados à esquerda defende que a polémica da redução da Taxa Social Única é só o primeiro indício da "profunda inconsistência" da maioria parlamentar PS, BE e PCP

Há vários meses em silêncio, Francisco Assis voltou a fazer-se ouvir contra a atual arquitetura política em Portugal, atacando em duas frentes. Num artigo de jornal e numa entrevista à rádio fala da "profunda inconsistência" da atual maioria parlamentar. A polémica redução da Taxa Social Única, que tem fortes possibilidades de ser chumbada no Parlamento, é apenas um primeiro indício de que as coisas vão piorar, avisa aquela que é, talvez, a voz socialista mais crítica aos acordos celebrados à esquerda. Assis diz que eles foram "violados" e só vê pela frente o cenário de eleições antecipadas. 

O país parece caminhar para um impasse. Na falta das duas maiorias, que seriam simultaneamente complementares e antagónicas, o Governo corre o sério risco de se instalar numa situação de paralisia. Qual a saída para tão precária situação? Por muitos custos que possa ter, não vislumbro outra que não passe a curto ou médio prazo pela realização de eleições legislativas antecipadas".

Sugere mesmo que se elas se realizassem em breve "provavelmente proporcionariam ao PS a possibilidade de obter a legitimidade que agora não tem para agir, de facto, como partido charneira", lê-se no artigo de opinião que escreveu para o Público.

Em reação, o dirigente socialista Pedro Nuno Santos acusou Assis de estar a antecipar-se até aos partidos da direita no pedido de eleições antecipadas.

Conseguiu a proeza de se antecipar ao PSD e ao CDS no pedido de eleições legislativas antecipadas, o que a acontecer, efetivamente, como é fácil perceber, provocaria instabilidade política, Isto, quando o fator estabilidade política é a mais valia que Portugal apresenta no atual contexto europeu e mundial de elevada instabilidade"

Pedro Nuno Santos expressou que gostaria de ver o seu camarada de partido na próxima reunião da Comissão Nacional do PS para discutir, deixando o aviso de que "Francisco Assis pode ter a certeza que este Governo vai durar até ao fim da legislatura".

Voltando ainda às declarações deste, à Antena 1 admitiu que, na "ação essencial" do Governo, se reconhece "em muitos dos aspetos do PS" e está "satisfeito" por não ter havido "cedências indevidas até agora" - apenas "uma ou outra coisa", que não quis nomear. Mas, ao mesmo tempo, sublinha a importância das "questões de fundo" em que PS diverge totalmente do Bloco e do PCP. Essas sim, são questões problemáticas e à direita há uma espécie de muro: "Neste contexto cada vez mais vai ser impossível entendimento à direita. Julgo que vai pôr em causa a estabilidade". 

Mesmo com o atual Presidente da República? Marcelo Rebelo de Sousa tem feito o que pode e o que não pode" e Francisco Assis diz que compreende "o seu papel", mas há um "conjunto de dinâmicas a reforçar o risco de instabilidade". Um risco baseado na "inconsistência dos acordos celebrados porque foram violados”. Por isso, defende que “era necessária uma negociação política que não houve”.

Constata, a esse propósito, no artigo de opinião, que a esquerda está em sintonia "no que é mais conjuntural, mais popular e mais fácil", mas rapidamente se desentende "em tudo o que é mais exigente, complexo e estrutural". Algo "natural", já que "entre o PS e a extrema-esquerda parlamentar subsistem radicais dissonâncias políticas e doutrinárias", faz questão de assinalar.

O "clima de extrema animosidade" entre PSD e PS, lá está, também não ajuda. "Nesse capítulo há responsabilidades de ambos os lados, o que conduz a comportamentos radicais e dificilmente compreensíveis como aquele que agora o PSD se prepara para adoptar ao inviabilizar objectivamente o acordo de concertação social".

É certo que o PSD poderá alegar em seu favor que não foi tido nem achado pelo Governo, e que não está disponível para um papel incompatível com a preservação da sua própria dignidade. Apesar disso, teria sido mais correta a opção pela inviabilização parlamentar das iniciativas da extrema-esquerda, com a simultânea apresentação das legítimas razões de queixa em relação ao comportamento do Governo".

 

 

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