Jerónimo de Sousa reeleito secretário-geral do PCP por unanimidade - TVI

Jerónimo de Sousa reeleito secretário-geral do PCP por unanimidade

  • Redação
  • PP (atualizado às 14:47)
  • 4 dez 2016, 12:16

É a quarta vez que o partido renova a confiança em Jerónimo de Sousa que assumiu o cargo em 2004. No encerramento lembrou necessidade de renegociar a dívida

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, foi hoje reeleito por unanimidade, aos 69 anos, pelo Comité Central comunista para o cargo que ocupa desde 2004, anunciou o partido no XX Congresso, em Almada.

Os 146 elementos daquele órgão dirigente alargado entre congressos foram eleitos na noite de sábado, com 98,67% de votos favoráveis (1.116), 11 abstenções e quatro "chumbos".

O renovado elenco reuniu-se logo pela noite de sábado e madrugada de domingo, terceiro e último de dia de trabalhos no Complexo Desportivo "Cidade de Almada", para renovar a confiança, pela quarta vez seguida, em Jerónimo de Sousa.

O Comité Central, que conta com 22 caras novas, designou também a composição dos organismos executivos - Secretariado Nacional e Comissão Política - e da fiscalizadora Comissão Central de Controlo.

Jerónimo reitera necessidade de renegociar a dívida

O secretário-geral do PCP reeleito insistiu, no encerramento do XX Congresso comunista, na necessidade de Portugal renegociar a dívida e libertar-se da "teia" do euro para poder crescer economicamente.

"É uma luta e convergência em torno de uma política concreta. Reafirmamos, em síntese, o conteúdo da política patriótica e de esquerda: libertar Portugal da teia de submissão, dependência e constrangimentos impostos pelo euro, renegociar a dívida e recuperar para o país o que é do país", afirmou Jerónimo de Sousa.

O líder comunista, com renovado mandato presumivelmente até 2020, referia-se à proteção de "recursos, setores estratégicos", bem como "ao direito inalienável ao desenvolvimento e criação de emprego", incluídos na "política patriótica e de esquerda" preconizada pelo PCP.

"Pôr Portugal a produzir, com mais agricultura, mais pescas, mais indústria, apoiando pequenos e médios empresários, valorizando trabalhadores e salários, com direito à saúde, educação, cultura e proteção social", foram outros argumentos apresentados à plateia de cerca de 3.500 apoiantes, com bandeiras do PCP e de Portugal.

Jerónimo de Sousa salientou "algumas das prioridades da intervenção próxima" do seu partido - "aumento dos salários e fixação do Salário Mínimo Nacional em 600 euros, em janeiro próximo; a alteração de aspetos gravosos da legislação laboral, com revogação da caducidade da contratação coletiva; o combate à precariedade e aplicação do princípio de que a um posto de trabalho permanente deve corresponder um vínculo efetivo", ao mesmo tempo que defendeu Serviço Nacional de Saúde, escola e transportes públicos e a cultura.

"É inaceitável que nos queiram atirar enquanto povo e nação para o gueto do empobrecimento, dependência e negação dos direitos de Portugal ao seu desenvolvimento soberano. Inaceitável que todos os anos sejam retirados mais de oito mil milhões de euros aos recursos públicos só para pagamento de juros da dívida para manter o privilégio e, no final de cada ano, a dívida se encontrar exatamente na mesma", lamentou, num discurso de cerca de 15 minutos.

O “sonho” de “assumir todas as responsabilidades”

O líder comunista do PCP encerrou o congresso vislumbrando as eleições autárquicas e o sonho comunista, disposto a "assumir todas as responsabilidades".

Jerónimo de Sousa, numa intervenção de 15 minutos, ao terceiro e último dia de trabalhos em Almada, avisou do "futuro incerto" do mundo e da Europa, somado "à contradição" dos constrangimentos e imposições externos", sentidos devido às opções do Governo PS, mas manteve a plateia de cerca de 3.500 apoiantes desperta para o "fascinante projeto" de uma "sociedade liberta da exploração do homem pelo homem".

"Um momento para afirmar e valorizar a CDU (Coligação Democrática Unitária, com “Os Verdes") e fazer prova da reconhecida capacidade de gestão e entrega aos interesses das populações e resposta aos seus problemas, afirmando o PCP e a CDU como forças capazes de assumir todas as responsabilidades que os trabalhadores e povo lhes queiram atribuir", definiu sobre as próximas eleições locais, no outono de 2017.

Para o secretário-geral comunista será "um momento para progredir e avançar, confirmar maiorias e conquistar novas posições e mandatos", ou seja, uma "importante batalha política" para "pesar mais na vida política nacional".

"Este partido não regateará nenhum esforço ou tarefa que visem defender e conquistar direitos e melhorar as condições de vida dos trabalhadores e do povo, sempre com os olhos postos na linha do horizonte, no objetivo supremo que anima e justifica a nossa razão de ser - uma sociedade liberta da exploração do homem pelo homem", garantiu.

Entre os alertas, Jerónimo de Sousa referiu-se ao "futuro incerto, perante a crise do capitalismo e a resposta imperialista, agressiva e de guerra" e a "crise na e da União Europeia, que vai empurrando os problemas com a barriga", assim como a "incerteza no plano nacional, face à contradição que os constrangimentos e imposições externos colocam a novos avanços sociais".

"Quem, se não este partido, que nunca teve uma vida fácil, temperado em tantas e tantas lutas, pode afirmar a sua confiança nos trabalhadores, no povo e na pátria portuguesa?", indagou.

Com mandato renovado, previsivelmente até à próxima reunião magna ordinária dentro de quatro anos, embora o Comité Central tenha a todo o momento o poder de designar outro secretário-geral, Jerónimo de Sousa concluiu o discurso esperançoso.

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