Jerónimo acusa Catarina Martins de ignorância sobre autarcas da CDU - TVI

Jerónimo acusa Catarina Martins de ignorância sobre autarcas da CDU

  • AR - Notícia atualizada às 22:42
  • 19 set 2017, 17:32

Coordenadora do BE acusou as autarquias de ficarem em silêncio a assistir à destruição dos serviços públicos. “O pior cego é o que não quer ver”, responde ainda o secretário-geral do PCP. Já o PSD também não poupa críticas à líder bloquista

O líder do PCP iniciou esta terça-feira a campanha eleitoral da CDU em defesa dos autarcas e do trabalho desenvolvido localmente, contrariando a ideia expressa na véspera pela coordenadora do BE, Catarina Martins.

Aos que por ignorância ou verbalismo atiram pedras para o ar, podemos assegurar que os eleitos da CDU nunca faltaram, em maioria ou minoria, à defesa dos interesses dos trabalhadores e das populações", afirmou Jerónimo de Sousa, num almoço-comício numa quinta dos arredores de Tomar, Santarém, no primeiro de 11 dias oficiais de campanha autárquica.

A bloquista Catarina Martins mostrara-se, na segunda-feira, na Marinha Grande (Leiria), onde esta terça-feira a caravana CDU encerra o dia, "absolutamente chocada" com o "silêncio cúmplice" da generalidade das autarquias enquanto eram destruídos os serviços públicos, garantindo que os bloquistas concorrem às eleições locais também para mudar esta realidade.

"Eles têm um pouco a síndrome da raposa, que vê um cacho de uvas, salta três vezes e não as apanha. Então, vira-se de costas, de forma desdenhosa, e diz: estão verdes, não prestam'. É a mesma conceção que têm em relação às autarquias", disse, em nova referência ao BE e à sua escassa implantação no poder local, recorrendo à fábula da raposa e das uvas do grego Ésopo, readaptada pelo francês La Fontaine.

Jerónimo de Sousa, elogiando a tradição de "trabalho, honestidade e competência" dos responsáveis locais eleitos pela CDU, afirmou ainda que "o pior cego é o que não quer ver" em relação a "esses concorrentes" que "vêm atacar as autarquias".

Para o líder da CDU, que junta comunistas, ecologistas e independentes e lidera 34 municípios e cerca de 200 freguesias, "virem agora culpar as autarquias e os autarcas por aquilo que aconteceu é, no mínimo, injusto e irresponsável".

O secretário-geral do PCP recordou os quatro anos de Governo PSD/CDS-PP e os cortes introduzidos naquele período de intervenção externa pela 'troika' da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional.

As populações ficam a ganhar porque a CDU é a grande força de esquerda no poder local. Sabem que os eleitos CDU não só asseguram uma gestão diferente e ao serviço das suas aspirações como encontram quem aja, organize e mobilize a luta em defesa dos seus direitos", continuou.

O secretário-geral comunista vincou que o seu partido e os integrantes da CDU nunca abandonou a defesa dos serviços públicos e dos direitos dos cidadãos.

"A CDU para além dos bons candidatos tem um projeto... funciona como equipa e não à procura de um artista que, de repente, descobre a pólvora e vem resolver os problemas", afirmou.

PSD: Catarina "tem é de estar chocada com o Governo que apoia"

Os Autarcas Sociais-Democratas (ASD) acusaram esta terça-feira a coordenadora do Bloco de Esquerda de errar o alvo, sublinhando que não é com os autarcas que tem de estar chocada, mas sim com o Governo que se “vangloria de condicionar”.

Em comunicado, o presidente dos ASD, Álvaro Amaro, critica a forma como a líder do BE se tem pronunciado sobre questões relacionadas com as autarquias, tanto nos serviços prestados à população, como nos acessos à educação, à saúde, à cultura e ao ambiente, mas diz “não estranhar” a atitude da bloquista.

Uma vez que já nos habituámos à esquerda portuguesa e, em particular, à esquerda que condiciona a governação de Portugal, protagonizada pela Dra. Catarina Martins, a procurar omitir as fragilidades da sua co-governação atacando os outros partidos. Agora apontou o alvo aos autarcas”, refere o comunicado.

Os ASD dizem “basta de teatro” e recusam que os autarcas sejam o bode expiatório.

Os autarcas não são bode expiatório da absorção que o PS faz do BE nem a tábua de afirmação da sua tendencial menor influência no palco nacional em detrimento do Partido Socialista. A realidade é que só se percebe um objetivo: colocar-se teatralmente no papel de defesa das populações, tentando menorizar o papel que os autarcas desempenham em prol das populações e, simultaneamente, estender um manto de penumbra sobre a governação do país”, salienta a nota.

Para os ASD, Catarina Martins teve “um papel principal na influência das decisões que conduziram ao corte do investimento de capital nas áreas sociais, ao corte no investimento nos serviços públicos” que só não entraram “em maior degradação porque as autarquias cobriram com o seu orçamento as necessidades dos serviços públicos, assumindo como sempre, um papel de responsabilidade”.

Álvaro Amaro vaticina que a líder bloquista está a prazo.

“A Dra. Catarina Martins sabe que na hora certa será descartada pelo PS e, até lá, tem que fazer prova de vida, mas, nunca aceitaremos que seja à custa dos autarcas”, avisou o presidente dos ASD.

Hoje, o líder do PCP, Jerónimo de Sousa, iniciou a campanha eleitoral da CDU em defesa dos autarcas e do trabalho desenvolvido localmente, contrariando a coordenadora do BE.

"Aos que, por ignorância ou verbalismo, atiram pedras para o ar, podemos assegurar que os eleitos da CDU nunca faltaram, em maioria ou minoria, à defesa dos interesses dos trabalhadores e das populações", afirmou no primeiro de 11 dias oficiais de campanha autárquica.

CDU defende mais abono de família

À noite, num jantar-comício autárquico em Peniche, o secretário-geral comunista defendeu a necessidade de reposição dos quarto e quinto escalões dos abonos de família em 2018.

Além da ideia de "ir mais longe e aprofundar" a "valorização do abono de família, na sua abrangência e montantes", Jerónimo de Sousa foi um dos vários oradores com alvo definido: o agora candidato independente, apoiado também pelo BE, Henrique Bertino, há mais de um década presidente de junta no concelho, precisamente pela CDU, de comunistas e ecologistas, mas que, desta feita, recusou o convite para a Câmara Municipal de Peniche (CMP).

"Não nos escondemos sob a capa de falsas listas ou projetos 'independentes' que, a coberto de candidaturas de cidadãos eleitores, acolhem, na maioria das situações, arranjos partidários, incluindo sob a forma de 'barriga de aluguer' de partidos sem implantação ou são espaço de promoção de ambições pessoais ou dos interesses dos grupos económicos", disse na Sociedade Filarmónica União 1.º de Dezembro de 1902, em Atouguia da Baleia.

O candidato da CDU ao município nas eleições de 01 de outubro é Rogério Cação, antigo presidente da Assembleia Municipal, após o atual presidente da Câmara Municipal de Peniche (CMP), António José Correia, ter atingido o limite de mandatos consecutivos.

Cação, noutra clara referência a Henrique Bertino, alertou a plateia para ter "cuidado com as imitações" e com o "pechisbeque político".

Concorrem ainda outros quatro candidatos à CMP: Filipe de Matos Sales (PSD), a independente Márcia Henriques, o ex-presidente da câmara Jorge Gonçalves (PS) e João Nuno Santos (CDS-PP).

Depois, abordando as políticas nacionais, o líder comunista, Jerónimo de Sousa sublinhou a a "insistência e proposta do PCP no Orçamento do Estado para 2017" para ser aprovada "a reposição do 4.º escalão do abono de família até aos 36 meses, bem como o estabelecimento de aumentos progressivos dos montantes a atribuir".

"Assim, em Janeiro entraram em vigor os novos montantes do abono de família até aos três anos, que vieram a ser pagos a partir de abril com retroativos. Em julho, realizou-se novo aumento e em 2018 essa trajetória de aumento prosseguirá até que o montante pago até aos 36 meses iguale o valor pago até aos 12 meses - ou seja, até se atingir o valor de 146 euros no 1.º escalão, de 120 euros no 2.º escalão, e de 95 euros no 3.º escalão", descreveu.

Jerónimo de Sousa classificou o sucedido de "caminho positivo", mas reafirmou ser "necessário e possível ir mais longe e aprofundar este caminho de valorização do abono de família, na sua abrangência e montantes", a fim de "assegurar a reposição integral do 4.º e a recuperação do 5.º escalão e garantir o aumento do seu valor para as crianças com idade superior a três anos".

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