Repórter Alfredo Cunha processa juventude do CDS por uso de fotografia - TVI

Repórter Alfredo Cunha processa juventude do CDS por uso de fotografia

  • 26 abr 2017, 19:42

Fotojornalista considera que houve manipulação do retrato que tirou ao capitão do 25 de Abril, Salgueiro Maia. Jovens centristas argumentam que foto já "património imaterial do país" e foi usada de "boa-fé"

O repórter fotográfico Alfredo Cunha vai processar a Juventude Popular (JP) pela utilização sem autorização e pela manipulação de uma fotografia sua do capitão de Abril Salgueiro Maia num cartaz divulgado nas redes sociais.

Tem todos os ingredientes para me deixar furioso. Primeiro, a fotografia é roubada, depois é manipulada. Como tal, irei partir para tribunal para tratar do assunto", disse à agência Lusa, Alfredo Cunha.

O autor da imagem icónica de Salgueiro Maia sublinhou não querer fotografias suas usadas por partidos, "muito menos por um partido de direita" e com "uma mensagem ambígua".

O cartaz digital da JP, a juventude do CDS-PP, usa parte da imagem do capitão de Abril, com um filtro azul, lendo-se as seguintes frases: "25 de Abril. A liberdade é de quem a dá aos outros! e não dos que se afirmam donos dela".

"Motivações não são jurídicas"

O líder da JP, Francisco Rodrigues dos Santos, reagiu com uma nota publicada na sua página na rede social Facebook, na qual defende que a fotografia de Alfredo Cunha é já "património imaterial do país" e foi usada de "boa-fé".

Ser-nos vedada a utilização de boa-fé, no quadro das comemorações de um dia de todos os portugueses, de uma fotografia considerada património imaterial do país, cujo autor é sobejamente conhecido, soa-nos à negação dos valores que aquele dia histórico quis restaurar", lê-se na nota.

Francisco Rodrigues dos Santos argumenta que tal está vertiginosamente perto "dos idos de má memória da ditadura e do PREC [Processo Revolucionário em Curso], onde aconteciam perseguições ideológicas, condenações por delito de opinião, saneamentos do pluralismo e proibição do acesso à democracia por quem não se afirmasse socialista".

Parece-nos, pois, que as motivações deste processo de intenções não são jurídicas, outrossim políticas. Caso assim não fosse, teria o autor contactado a JP para imediatamente fazer constar a indicação dos créditos, pedido a que acederíamos prontamente", acrescentam.

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