Frases-chave: 25 de Abril, partido a partido - TVI

Frases-chave: 25 de Abril, partido a partido

Pela ordem em que discursaram na Assembleia da República, fique com um apanhado das principais ideias e avisos deixados pelos partidos políticos

Foi a primeira sessão comemorativa do 25 de Abril sem Mário Soares, falecido em janeiro. A primeira homenagem a uma das principais figuras da revolução chegou pelo CDS, que discursou antes do PS. Discursos, regra geral, pautados por agradecimentos a quem fez parte da revolução e a quem a consolidou.

Muitas palavras também para o contraste ideológico entre os valores de Abril, os anos da troika e as imposições europeias, com BE e PCP a questionarem o euro e a UE e com PS, PSD e CDS-PP a defenderem a permanência de Portugal no euro e no projeto europeu.

A data pode ser portuguesa, mas os valores são universais. Por isso, a crise dos refugiados, os populismos e extremismos que assolam a Europa entraram nos discursos em sinal de constatação e, ao mesmo tempo, de aviso, de que é preciso cumprir Abril sempre, todos os dias, e cada vez mais.

Veja também:

PAN - Pessoas Animais Natureza - André Silva

Lusa

"Como dizia Maria de Lurdes Pintassilgo, a sociedade em trânsito não é uma sociedade fechada sobre si própria.

 

A política da maioria absoluta, do privilégio, das elites instaladas e dos setores intocáveis tem de desaparecer.

 

Democratizar é uma tarefa que está muito para além do Estado".

PEV - Os Verdes - Heloísa Apolónia

Lusa

"Temos pressa de cumprir Abril. Ter pressa é ter sede de cumprir direitos.

 

Em jeito de apuramento de resultados, temos ainda muito, muito a conquistar em termos de direitos sociais e sustentáveis.

 

A União Europeia em torno de elites, distancia-se dos povos, ignora prioridades (...) o Governo que não esbarre na opção dos números encolhidos de Bruxelas."

 

Foram tantos os portugueses que procuraram refúgio noutros países para fugir à guerra colonial ou procurar melhores condições de vida. Temos ,ais do que a obrigação de compreender o imperativo de desprezar ideias fascistas, racistas, xenófobas, que erguem fronteiras quando exaltam o medo de refugiados ou o ódio aos imigrantes".

 

PCP - Jorge Machado

Lusa

"Plano internacional tempos muito difíceis: belicismo, guerra, movimentos fascistas devem merecer preocupação, tentativa de meter no mesmo saco. Hoje como ontem somos chamados a resistir.

Muitos dos direitos conquistados com Abril foram ameaçados e destruídos com a política de direita. É possível transformar o sonho em realidade e viver num país mais justo.

Concentração da riqueza em meia dúzia de grupos económicos não permite a liberdade. A liberdade ferida com instrumentos de submissão como o euro e a dívida.

"[Com os acordos políticos em vigor] foi possível dar passos, ainda que insuficientes, na recuperação de direitos e salários. É preciso ir mais longe – veja no salário esforço do trabalho; longa carreira contributiva acesso à reforma sem penalizações".

 

CDS-PP - Isabel Galriça Neto

Lusa

Mário Soares, figura central da democracia, é de elementar justiça referir aqui o seu nome (salva de palmas)".

 

O CDS não tem nem nunca teve medo de afirmar os seus valores e princípios. O CDS estará sempre empenhado em participar no diálogo necessário para a sobrevivência e a consolidação da democracia.

 

Direitos sociais deverão ser a trave mestra que importa reforçar: proteção da vida, não descarta os mais vulneráveis; não há vidas que valem a pena ser vividas e outras não; adotamos assim uma visão solidária da dignidade humana, ultrapassando outra perspetiva individualista.

 

Não hipotecar de forma irresponsável o futuro: não queremos lista de promessas, queremos compromissos que se concretizam.

 

Reafirmar lugar na Europa e no mundo".

 

Bloco de Esquerda - Joana Mortágua

Lusa

Nasci no serviço nacional de saúde, estudei na escola pública, mas não pertenço uma geração ingrata. Obrigada a quem resistiu até ao último sopro do seu corpo. Obrigada a todos e todas as combatentes desse amor inventado chamado Liberdade.

 

Todas as gerações têm os seus monstros (antes de mim fascismo e guerra). Sim, eu tenho orgulho de pertencer a uma geração que luta em liberdade. Tivesse isso chegado para não nos mandarem emigrar".

 

A história, longe de estar acabada, agora rebenta-nos nas mãos.  Em Alepo, onde decapitaram a esperança; muros à volta dos campos que nos prometeram que não voltaria a existir; crescimento de extremismos cada vez menos surdos. Cada geração tem os seus monstros e os nossos aparecem todos os dias na televisão. A UE determina que a questão dos refugiados é apenas questão de pagar o preço certo à Turquia.

 

Olhando hoje para a Europa quem pode não reconhecer, quem pode não querer ver que houve um projeto que falhou? Falhou porque submeteu aos mercados financeiros, pobreza, desemprego. Falhou-nos porque entregou ou privatizou aquilo que era da nossa soberania e, portanto, da nossa liberdade. O medo converteu-se no melhor aliado de um projeto conservador que domina a Europa.

 

Perigo são as troikas que espreitam atrás de cada programa de estabilidade servem para nos lembrar que ainda não vencemos, que ainda temos quem se ache nosso dono, que ainda não somos livres.

 

Abril para não ser vazio, tem de ter conteúdo, tem de ser esperança. No BE batemo-nos por este projeto. A melhor resposta foi dada por um homem que sabia exatamente o que existe entre a guerra: “Sonhamos? Não sonhamos nada. Somos os únicos realistas deste filme. Miguel Portas"

 

Partido Socialista - Alberto Martins

Lusa

Dever histórico de honrar a memória de quem este ano nos deixou [Mário Soares] e da liberdade fez a sua bandeira, quer na resistência à ditatura, quer na fundação do regime democrático do 25 de abril. Um homem que cruzou a sua vida com o destino da pátria.

 

Abril é um dia e um lugar fantástico onde mora a esperança de tudo ser possível. (…) Fica-nos a responsabilidade dos dias de hoje, a procura de um verdadeiro desenvolvimento sustentável, assumindo um lugar na UE".

 

Saída da crise exige UE mais democrática, mais transparente, subordinando poder económico ao político. E que conduza combate sem tréguas à corrupção. Coesão social tem de regressar ao centro das políticas europeias.

Temos consciência que a construção europeia é capital para paz do continente e poder político no mundo, mas a fragilização do projeto europeu tem aberto espaço a surto de afirmações nacionalistas, extremismo, populismos.

 

25 de Abril é um dos raros dias das nossas vidas que rima com Liberdade. Para que abril não seja efeméride ritualista é nosso dever recusar conformalismo, riscos para a paz, violência, terrorismo, atentados contra direitos nacionais. O nosso caminho, de Portugal, só pode ser retomar a bússola dos valores universais".

 

PSD - Teresa Leal Coelho

Lusa

O sonho da democracia e da prosperidade realiza-se numa sociedade livre e justa, pessoas reconhecidas por talento, mérito e vocação. Aposta firme na educação, ensino inclusivo, que garanta às crianças e jovens oportunidades que não dependam da condição do seu nascimento (…). Destruir este sistema de ensino é colocar geração em risco.

 

É uma sociedade livre, justa e inclusiva que em Portugal se impõe incluir. Deve a sociedade libertar-se dos privilégios, opacidade, compadrio, libertar-se na tentação do poder e economia, a proveniência da riqueza deve ser justificada. Tolerância zero ao desvio de fundos desnecessários".

 

Mário de Sá Carneiro dizia que o o socialismo marxista coletivista estatizante, por mais suaves que seja o seu discurso, não convém ao progresso dos povos, nem ao livre desenvolvimento dos homens e das mulheres, até porque é arcaico".

 

Profundo afeto e profunda admiração àquele que no exílio denunciou ao mundo o Portugal Armodaçado ... aquele que foi um dos mais marcantes rostos da luta para que na continuação de abril, Portugal permanecesse do lado livre, democrata e inclusivo. Por tudo isto, obrigada Mário Soares.

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