O ministro Vieira da Silva visitou, a 16 de novembro, uma instituição social em Gotemburgo, na Suécia, onde se encontrou com Paula Brito e Costa, que tinha chegado um dia antes.
Nesta altura, o ministro do Trabalho e da Segurança Social já conhecia as denúncias de irregularidades e já tinha dado ordem para que fosse feita uma fiscalização às contas da Raríssimas.
O ministério diz que a então presidente da Raríssimas não integrava a comitiva: "Ao que supomos, terá sido convidada diretamente pela Agrenska", a instituição sueca que visitaram.
Por e-mail, a instituição conta à TVI que convidou o ministro e que "naturalmente, Paula Brito e Costa também iria", uma vez que já se tinham encontrado anteriormente em Lisboa.
A suspeita sobre a gestão da Raríssimas "não foi, como é óbvio, matéria de discussão", diz o ministério.
O propósito da ida de Vieira da Silva à Suécia era para participar na cimeira para o Crescimento e Emprego, mas havia mais na agenda. Tudo começou em outubro, quando foi feito o convite em Portugal.
Vieira da Silva proporcionou a assinatura de protocolos entre a Raríssimas e a instituição sueca. O encontro aconteceu no próprio ministério, apesar de o Estado não ter qualquer papel neste acordo.
Foi tudo a pedido da Raríssimas, que pagou inclusivamente hotel em Lisboa à associação sueca.
Nesta fase, o ministro também já sabia das suspeitas que recaíam sobre Paula Brito da Costa e estava mesmo em curso uma fiscalização, desde 31 de julho.
A associação sueca garante que o ministro "falou sempre positivamente da Raríssimas e da Casa dos Marcos".
Já sobre a amizade pessoal entre Vieira da Silva e Paula Brito da Costa, o gabinete do ministro admite que se conhecem “há alguns anos”.
Vieira da Silva aprovou fundação que Paula Brito da Costa quer criar
Recuando no tempo, Vieira da Silva pertenceu à Raríssimas, como vice-presidente da mesa da assembleia geral.
A TVI teve acesso a uma ata de março de 2014, em que é possível ver que Vieira da Silva foi um dos elementos que assinou a ata que dava inicío à vontade de Paula Brito da Costa em criar uma fundação, que funcionaria em paralelo à Raríssimas.
Tudo para ganhar mais poderes, uma vez que, para presidente do conselho de administração, escolheu-se a ela própria.
"A sra. presidente da Raríssimas propôs para o cargo a cidadã Paula Cristina de Brito Cardoso da Costa."
Para começar, sugere a transferência de um montante inicial de 250 mil euros, em dinheiro, da Raríssimas para a fundação.
A própria presidência do Conselho de Ministros tem dúvidas sobre o processo.
E, num email a que a TVI teve acesso, Paula Brito da Costa escreve:
"Vou amanhã mesmo tentar localizá-lo, por forma a pressionar o despacho para a presidência do conselho de ministros."
O processo de reconhecimento da fundação ainda está por decidir, mas deverá ser chumbado.
A TVI sabe que a própria Direção Geral da Segurança Social deu parecer negativo a esta fundação e é vinculativo.