"Hoje estou aqui, vim para clarificar, porque o PSD precisa disso" - TVI

"Hoje estou aqui, vim para clarificar, porque o PSD precisa disso"

  • PP (Atualizado às 21:11)
  • 22 out 2017, 17:06

Santana Lopes lançou oficialmente, este domingo, a sua candidatura à presidência do PSD, em Santarém. Elogiou trabalho "de salvação nacional" do Governo de Passos Coelho e dirigiu duras críticas a Rui Rio

O candidato à presidência do PSD Pedro Santana Lopes afirmou hoje que está na corrida à liderança do partido para "clarificar", defendendo que os sociais-democratas devem orgulha-se do trabalho de "salvação nacional" feito por Pedro Passos Coelho.

Pedro Santana Lopes falava no lançamento da sua candidatura à presidência do PSD, numa sessão com centenas de apoiantes em Santarém, num discurso em que, logo nas suas primeiras palavras, referiu um dos seus principais objetivos na corrida para as "diretas" de janeiro.

Em 2005 disse que ia andar aí e nunca pensei que essas palavras tivessem até hoje tal impacto. Hoje estou aqui, vim para clarificar, porque o PSD precisa disso e Portugal também precisa disso", declarou, recebendo uma prolongada salva de palmas.

Pedro Santa Lopes explicou depois qual uma das duas ideias de clarificação.

O PSD orgulha-se do trabalho de salvação nacional feito pelo Governo de Pedro Passos Coelho. Queremos um partido sem memória?", questionou o ex-provedor de Santa Casa da Misericórdia, numa alusão aos sociais-democratas que se demarcaram do anterior executivo.

Na sua intervenção, Pedro Santana Lopes visou de forma implícita o comportamento do seu rival Rui Rio, que, com Pedro Passos Coelho no Governo, aceitou um convite da "Animo", do antigo assessor parlamentar do PS António Colaço, para participar num almoço na Associação 25 de Abril com a presença do "capitão de Abril" Vasco Lourenço.

Visados por simpatias à esquerda foram ainda Pacheco Pereira, que esteve na Aula Magna de Lisboa nas sessões promovidas pelo falecido antigo Presidente da República Mário Soares contra o Governo, mas, igualmente, o antigo ministro social-democrata António Capucho, que esteve em ações da Fundação Mário Soares e apoiou o PS nas últimas eleições europeias.

Outra nota de demarcação de Pedro Santana Lopes passou pela sua intenção de desvalorizar a tese de Rui Rio, segundo a qual o PSD nunca foi um partido de direita.

"Nós somos um partido que vai do centro-direita até ao centro-esquerda. Francisco Sá Carneiro e Cavaco Silva nunca andaram entretidos com dissertações sobre essa matéria e levaram-nos a vitórias muito importantes. Eu quero fazer o mesmo, não tenho complexos nessas matérias", respondeu.

Santana Lopes quer debates com Rui Rio em cada distrital do partido

Pedro Santana Lopes sugeriu às diferentes distritais e organizações regionais do partido que promovam debates com ele e o seu rival na corrida às diretas de janeiro, Rui Rio.

Pedro Santana Lopes afirmou que sempre defendeu que o Conselho Nacional do partido marcasse as diretas para a escolha do sucessor de Pedro Passos Coelho para "um período mais à frente" e não logo para o início de dezembro, porque "os militantes têm de votar com fundamento".

Não faço desafios a ninguém, mas gostaria que as distritais do partido e as organizações regionais, organizassem cada uma um debate", sustentou.

 

Santana defende que não se chame “geringonça” ao Governo porque “eles gostam”

O Pedro Santana Lopes defendeu também que os opositores ao Governo devem deixar de chamar-lhe "geringonça", mas sim “frente de esquerda com comunistas”, e admitiu que a legislatura não chegará ao fim.

Na parte dedicada às críticas ao atual executivo socialista, Pedro Santana Lopes deixou um reparo aos setores da oposição que caraterizam o atual Governo como sendo uma "geringonça" - uma expressão que teve origem no historiador Vasco Pulido Valente e que depois ficou famosa por via do ex-presidente do CDS-PP Paulo Portas.

Eu não gosto que lhes chamem geringonça, até porque não sei se já repararam: Eles adotaram o termo, acham que envolve algum carinho, acham que tem um pouco de componente de afetos. Para mim eles são uma frente de esquerda, com comunistas e extrema-esquerda, das quais o PS se aproveita para governar com um programa que não é o seu", sustentou Pedro Santana Lopes, recebendo uma prolongada ovação.

O antigo primeiro-ministro foi ainda mais longe em defesa da sua oposição, considerando mesmo que "chamá-los de geringonça é o que eles querem, eles gostam".

Orgulhoso de Marcelo

O candidato defendeu ainda que o partido deve orgulhar-se por ter Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República e prometeu que nunca será um líder da oposição "zangado".

Para o antigo primeiro-ministro, "o PPD/PSD deve sentir orgulho de Portugal ter o Presidente da República" que tem e, por isso, deve haver compreensão em relação ao exercício do mandato presidencial.

Ninguém pode compreender sempre todas as atitudes de cada responsável político. Às vezes podemos gostar de ver o Presidente da República mais distante do Governo em funções, mas os presidentes da República não podem nunca ser oposição aos governos. Podem e devem ser a voz da consciência nacional quando os governos não a ouvem, como foi agora o caso da intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa depois das tragédias", salientou Pedro Santana Lopes.

Pedro Santana Lopes estendeu depois os elogios, insistindo na ideia de que "o PPD/PSD se orgulha da sua história, orgulha-se de Aníbal Cavaco Silva como Presidente da República".

"Somos um partido que nasceu para ganhar e não para sermos segundo de alguém", afirmou, dirigindo-se implicitamente aos seus adversários.

O ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa também falou sobre o estilo que adotará caso seja eleito líder do PSD.

"Não sou do estilo de líder político que goste de estar sempre zangado, crispado ou que se aborreça com as boas notícias. Durante a minha liderança, durante a minha oposição ao Governo, garanto-vos que quando boas notícias chegarem sobre Portugal, encontrarão um sorriso nos meus olhos", disse.

Santana tem maturidade e experiência para enfrentar o Governo

Rui Machete, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros considerou este domingo que Pedro Santana Lopes é a melhor escolha para a presidência do PSD e para enfrentar o atual Governo em virtude da sua "maturidade" e do capital de "experiência acumulada.

Rui Machete, é mandatário da candidatura de Pedro Santana Lopes à presidência do PSD, e as posições foram assumidas durante a sessão de lançamento da candidatura do ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e antigo primeiro-ministro, em Santarém.

Após uma nota de pesar pelas vítimas dos incêndios deste verão, seguinda de um minuto de silêncio, Rui Machete salientou as ligações de Pedro Santana Lopes ao fundador do partido, Francisco Sá Carneiro. 

Pedro Santana Lopes sempre deu a cara como deputado, como governante, como presidente da Câmara de Lisboa ou como provedor da Santa Casa da Misericórdia. A sua maturidade e capital de experiência são uma garantia face à situação do país. Santana Lopes é a figura que tem melhores possibilidades de fazer frente ao Governo socialista, apoiado por partidos da extrema-esquerda", declarou Rui Machete.

 

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