Raríssimas: secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, demite-se - TVI

Raríssimas: secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, demite-se

Em causa está a reportagem da TVI, que apresenta documentos que revelam a gestão danosa da associação Raríssimas, onde o governante foi consultor. Rosa Zorrinho assume pasta. Governo não espera mais demissões

O secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, demitiu-se, na sequência de uma entrevista dada à TVI.

Recorde-se que, no sábado, foi emitida uma reportagem da TVI, que apresenta documentos que revelam a gestão danosa da associação Raríssimas, da qual foi consultor.

Veja aqui na íntegra a reportagem:

Manuel Delgado, que foi contratado entre 2013 e 2014, sabia que a situação da Rarissímas era insustentável do ponto de vista financeiro e que lhe seriam pagos 3.000 euros por mês com os subsídios do próprio Estado, destinados a apoiarem crianças com doenças raras. Recebeu um total de 63 mil euros.

Antes da divulgação da reportagem, a TVI tentou ouvir o secretário de Estado da Saúde, que se recusou a dar uma entrevista.

Por escrito, Manuel Delgado, esclareceu que a sua função como consultor consistiu numa colaboração técnica na área de organização e serviços de saúde na Casa dos Marcos, nunca tendo participado em decisões de financiamento.

Em comunicado divulgado pelo seu gabinete, nesta terça-feira, o primeiro-ministro, que se encontra em Paris, aceitou o pedido de exoneração de Manuel Delgado, tendo nomeado para o cargo Rosa Augusta Valente de Matos Zorrinho, mulher do eurodeputado socialista Carlos Zorrinho. A nova responsável já tomou posse.

A nova secretária de Estado da Saúde tem 54 anos e desempenhou até agora o cargo de presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS LVT), desde janeiro de 2016.

Rosa Matos Zorrinho é licenciada em sociologia pela Universidade de Évora e com pós-graduação em administração hospitalar, tendo já presidido ao conselho diretivo da Administração Regional de Saúde do Alentejo, entre 2005 e 2011.

Também hoje foi conhecida a demissão da presidente da Raríssimas, Paula Brito e Costa, decisão que comunicou pessoalmente aos funcionários.

"Ninguém deve ser do Governo contrariado"

O ministro dos Negócios Estrangeiros - que assume as funções de chefia do Governo, na ausência de António Costa, que está em Paris na cimeira sobre o clima - afirmou entretanto que Manuel Delgado pediu a demissão do cargo de secretário de Estado da Saúde devido a "uma questão pessoal". Escusou-se a esclarecer se a saída está relacionada com a sua ligação à associação Raríssimas.

O doutor Manuel Delgado, cujo trabalho como secretário de Estado da Saúde queria enaltecer, entendeu que tinha uma questão pessoal que não permitia que continuasse com as condições necessárias para o exercício do seu cargo como secretário de Estado da Saúde", afirmou Augusto Santos Silva, no Parlamento.

A saída de Manuel Delgado, acrescentou, "não significa nem nenhuma alteração de política nem nenhuma alteração no essencial do trabalho da equipa do ministério da Saúde, sob a direção do ministro Adalberto Campos Fernandes".

À pergunta se a saída do governante teve a ver com a polémica relacionada com a instituição Raríssimas, Santos Silva apenas respondeu que "foi aceite" o pedido de Manuel Delgado para ser "libertado das suas funções".

Ninguém deve ser membro do Governo contrariado", afirmou.

Questionado se poderá haver mais saídas do executivo, o número dois do Governo, admitiu não as esperar.

Não creio. O doutor Manuel Delgado é que entendeu que não tinha condições para prosseguir no Governo e nós evidentemente respeitamos esse entendimento e procedemos à sua substituição".

A reportagem da TVI, emitida no sábado passado, revelou que Manuel Delgado foi contratado entre 2013 e 2014 pela associação Raríssimas, com um vencimento de três mil euros por mês, tendo recebido um total de 63 mil euros.

O secretário de Estado alegou então que se tratou de uma "colaboração técnica" com a associação Raríssimas e que nunca participou em decisões de financiamento.

Continue a ler esta notícia