Morreu Américo Amorim - TVI

Morreu Américo Amorim

Empresário do Norte era um dos mais influentes da sua geração e, segundo a revista Forbes, o homem mais rico do país, com uma fortuna avaliada em mais de 3,8 mil milhões de euros. Funeral realiza-se sábado de manhã no Mosteiro de Grijó

Morreu o empresário Américo Amorim, aos 82 anos. Era um dos mais influentes da sua geração e, pela revista Forbes, o português mais rico dessa lista, com uma fortuna avaliada em mais de quatro mil milhões de dólares (3,8 mil milhões de euros).

Uma fortuna que ao longo dos últimos dez anos o manteve no top três das maiores de Portugal - acima de Belmiro de Azevedo, da Sonae, e de Soares do Santos, da Jerónimo Martins.

Conhecido pelo "rei da Cortiça", Américo Amorim ficará, para sempre, ligado à Corticeira cujos destinos conduziu mais de 60 anos.

Américo Amorim foi o responsável pela estratégia que tornou a pequena empresa de rolhas, criada pelo avô, no grupo que lidera o setor da cortiça no mundo.

O negócio era do seu avô, mas, de uma fábrica apenas, que ardeu na década de 40, nasceu um grupo que hoje é líder mundial no setor. Nos últimos 10 anos esteve sempre no top três os mais ricos. Por diversas vezes, Américo Amorim alcançou a liderança dos 500 mais ricos da revista Forbes.

Amorim foi um trabalhador. Se agora a sua fortuna está avaliada em 4 mil milhões de dólares, consta que só teve sapatos na quarta classe. Depois, após estudar na escola comercial sem intenção de prosseguir na academia, quis ver o mundo e partiu à aventura e nunca mais de cansou de viajar.

Aqui começou a aventura

Um dia, na década de 50, chegou à União Soviética e lá descobriu que eles também precisavam de cortiça, assim como na Roménia ou na Hungria.

Ainda sem fábricas fora do país, foi em Portugal que na década de 50 e 60 lidava com o condicionalismo industrial imposto pelo Estado Novo, mas nem isso travou Américo Amorim. Ele contornou regras e conseguiu aumentar a produção para responder à procura dos mercados internacionais.

Só em 1963 a Amorins&Filhos, criada pelo avô no século XIX, passa a Corticeira Amorim com capital repartido entre os irmãos.

Nem 10 anos depois abre a primeira fábrica em Marrocos e consegue a tão desejada internacionalização.

Depois, em 1974, o 25 de abril não o preocupou muito, mesmo tendo tantos hectares no Alentejo dominados pelos revolucionários que expropriavam os donos das terras.

O que viria a perder com a reforma agrária volta a comprar apenas dois anos depois, em 1976. Estávamos então no PREC, mas há vários anos que os trabalhadores das fábricas Amorim tinham assistência médica, cantina e um salário superior à média, em cerca de 10%.

Em pouco tempo, o grupo alarga horizontes e não só na cortiça. No início da década de Américo Amorim envolve-se na criação do que mais tarde viria a ser o BPI. Pouco depois, é o BCP que ajuda a contruir, saindo em choque com Jardim Gonçalves.

A aposta nos cavalos certos

No entanto, de outras empresas vai entrar e sair sempre com lucro.

Em 1991 está na fundação Telecel, a atual Vodafone. Também abandonou a empresa poucos anos depois, com os bolsos recheados.

Sempre foi um mestre do investimento e apostou quase sempre no cavalo certo.

Assumiu entretanto uma posição na Petrogal e mais uma vez vendeu – com mais-valias chorudas – aos italianos da ENI.

As ações que detinha na Galp já lhe permitiam multiplicar a fortuna assim como o imobiliário ou o turismo, que entretanto vendeu.

Foi dos grandes parceiros de Isabel dos Santos, a filha do presidente de Angola, que entrou na Amorim Energia, que controla 38% da Galp Energia.

E foi em 2005 que criaram o BIC Angola.

Américo Amorim tinha 82 anos. Tal como disse uma vez ao Jornal de Negócios, “Não me considero rico. Sou um trabalhador”.

Funeral: sábado de manhã no Mosteiro de Grijó

O funeral do empresário Américo Amorim realizar-se-á sábado de manhã no Mosteiro de Grijó, no concelho de Vila Nova de Gaia, revelou ao final da tarde fonte do Grupo Amorim.

A igreja construída entre 1574 e 1624 está situada na chamada Quinta do Mosteiro, que é propriedade da família do industrial corticeiro, e às 10:30 irá acolher as cerimónias fúnebres numa missa de corpo presente.

Ainda segundo a mesma fonte do Grupo Amorim, essas exéquias serão precedidas, esta sexta-feira, por um velório na capela do referido Mosteiro, no período entre as 13:00 e as 22:00.

 

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