Também desapareceram munições com as pistolas furtadas à PSP - TVI

Também desapareceram munições com as pistolas furtadas à PSP

  • Atualizada às 13:36
  • 25 fev 2017, 09:51

Carregadores e munições foram também furtados com as, pelo menos, pistolas que desapareceram da direção nacional da PSP. Facto foi apurado por inquérito interno. Ministra promete medidas e até mais processos

Dois carregadores e 18 munições de 9 milímetros por cada pistola também desapareceram do arsenal existente na direção nacional da PSP. De acordo com o Diário de Notícias, o facto foi apurado pelo inquérito interno que está a decorrer e que denunciará a fragilidade do controlo interno sobre as armas de fogo da polícia.

As, pelo menos, 57 pistolas saíram do "quartel-general" da PSP em caixas, contendo cada uma mais dois carregadores e 18 munições de 9 mm, ou seja o kit completo, permitindo que as armas estivessem prontas a disparar.

A ministra da Administração Interna já admitiu que, depois de conhecidos os resultados do inquérito ao desvio de armas, possam ter de ser alterados os sistemas de segurança.

O DN adianta ainda que além dos dois agentes responsáveis pelo armazém onde estavam guardadas estas pistolas -que foram suspensos preventivamente e processaram a direção nacional da PSP - pode ser chamado a depor o diretor do Departamento de Apoio Geral (DAG), um superintendente responsável por este setor desde 2013 até ao final do mês passado.

O desvio das Glock da PSP foi descoberto após ter sido detido no Porto um suspeito de tráfico de droga, que tinha na sua posse uma destas armas, com as munições e os carregadores. As pistolas têm uma inscrição que as diferencia de outras, por terem gravada a inscrição "Forças de Segurança". Três outras foram apanhadas em Espanha.

Investigações prosseguem

Além do inquérito interno, o desaparecimento das armas está também a ser investigado pelo Ministério Público. Há suspeitas de envolvimento de uma rede de tráfico internacional de armas que, por via direta ou indireta, podem ter corrompido polícias para adquirirem aquele material.

De acordo com o DN, ainda não há data confirmada para o interrogatório ao ex-responsável pelo departamento, Paulo Sampaio, que está neste momento colocado na Guiné Bissau, como oficial de ligação do ministério da Administração Interna, numa comissão de serviço de três anos.

Quanto à suspensão dos dois agentes, um oficial que está a acompanhar o processo garantiu ao jornal que se tratou de uma ação "meramente preventiva, até para proteção dos próprios, sem que haja ainda nenhuma prova de culpa".

Estará ainda a decorrer atualmente, ao nível de todos os comandos, uma verificação pessoal e presencial de todas as armas distribuídas, não tendo ainda sido divulgados resultados. Na GNR e no SEF essa verificação também foi feita e, segundo os porta-vozes oficiais, refere o DN, nenhuma falta foi detetada.

Ministra diz que "é grave"

A ministra da Administração Interna referiu este sábado que o furto de pistolas das instalações da direção nacional da PSP "é grave" e admitiu que poderá ser necessário tomar medidas para evitar situações idênticas em todas as forças de segurança.

O que aconteceu, naturalmente que é grave, não vou escamotear isso. Agora temos é que deixar correr esta inspeção, porque ela vai trazer seguramente mais resultados, poderemos aprender com as lições e tomar medidas que eu não excluo que tenham de ser estendidas não só à PSP mas a todas as forças de segurança", referiu Constança Urbano de Sousa.

Falando na Póvoa de Lanhoso, à margem da inauguração das obras de remodelação do quartel da GNR local, a ministra adiantou que a inspeção aberta ao furto de armas no comando nacional da PSP estará concluída "em breve".

Mal tenha conclusões, terei de tomar medidas", acrescentou, sublinhando que os resultados "são cruciais para perceber o que aconteceu" e para definir o que fazer para evitar situações semelhantes.

Constança Urbano de Sousa lembrou que há ainda em curso uma investigação pelo Ministério Público, relativa ao crime de furto, e processos disciplinares a dois agentes que já foram suspensos de funções.

Existem três processos em aberto, e um deles é extremamente importante para aferir como foi possível [o furto] e tomar medidas para que no futuro não seja possível ou, pelo menos, a possibilidade seja muito minimizada", rematou a ministra.

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