Sabe como e em que altura deve começar a ensinar o seu cão? - TVI

Sabe como e em que altura deve começar a ensinar o seu cão?

Cães

No modelo de treino da No Stress, os cachorros devem começar a fazer o treino em conjunto com outros cães de forma gradual a partir dos três meses

Há diferenças entre um animal doméstico e um de estimação. Mas há casos em que podem ser os dois, como é o caso dos cães. Um cão é um animal de estimação que pode – e deve – ser domesticado. Porém, há regras, prazos e muitas tarefas. A TVI24 esteve no PetFestival, em Lisboa, para saber quais.

Paula Moreira, responsável por uma escola de treino canino, recomenda que todos os cães comecem os treinos de obediência aos três meses, porque “dos dois meses e meio para a frente é o início da parte mais importante da vida do cão, que é a socialização. Portanto, é importante que eles venham logo”.

Eu recomendo que todos os cães venham para as escolas aos três meses. Um cão que vem para a escola aos três meses vem para aprender. Um cão que vem para a escola aos seis meses vem para corrigir”, defende Paula Moreira.

Quando confrontada com a questão da capacidade de aprendizagem de um cão aos três meses, Paula garante que ele “aprende tudo” porque “são esponjas autênticas, absorvem na totalidade tudo o que se ensina, portanto é muito mais fácil”.

A responsável pela escola sublinha que há casos em que os donos levam os animais aos treinos já tarde demais.

Normalmente o que acontece é que as pessoas só trazem o cão depois de já ter mordido em alguém, depois de ter mordido no bebé, na avó, na tia, na prima, e depois é que se lembram de trazer o cão para a escola. É evitar que isso aconteça”, destaca.

Mesmo nesses casos, e naqueles em que não houve maus comportamentos, mas o animal já é adulto e reativo, há trabalho que pode ajudar.

As coisas não são todas bonitinhas. Eu estou nos cães há 24 anos e, portanto, acho que está na altura de começarmos a mostrar que aquilo não corre sempre bem e que o cão vai para a escola porque precisa de ajuda”, refere Paula.

Porém, será que o foco tem de estar só no animal que queremos ensinar? Paula também deixa uma perguntar: “A personalidade do cão e do dono exigem treinos diferentes?”.

Aí é que está o cerne da questão. É que nós não temos dois binómios cão-dono iguais. Podemos ter um cão fabuloso com um dono que nunca na vida o vai saber mandar sentar. E podemos ter um dono cheio de vontade, com imenso jeito, e com um cão muito complicado de ensinar”.

Qual é o processo de ensino?

O treino na No Stress começa por ser para o dono. Eu costumo dizer a brincar que o cão só vai no primeiro mês para não ficar em casa sozinho, porque o primeiro mês é aquele que eu tenho de ensinar os donos”, esclarece a responsável pela escola.

No modelo de treino que Paula Moreira acredita ser o mais adequado, os cachorros começam a fazer o treino em conjunto com outros cães de forma gradual. O cão “está no mesmo espaço, mas com coisas diferentes porque, lá está, vai começar sempre pelo contacto visual”.

Contacto visual é a primeira coisa que eu ensino. Enquanto o cão não sabe fazer contacto visual eu não ensino absolutamente mais nada, quer o dono goste ou não. Depois, aos poucos, começar a introduzir o “senta”, o “deita”, o “fica”, o saber andar ao lado, e, o mais difícil, o saber estar sem fazer nada. O estar sem fazer nada é extremamente difícil para o cão”.

Em casa, também há trabalho, quer para os cães, quer para os donos.

Que ninguém lhe passe pela cabeça que um cão fica obediente a ir duas vezes por semana à escola. Se não fizeram trabalho de casa, esqueçam, estão a perder tempo, a perder dinheiro, e nunca vão ter resultado”, sublinha.

Esse trabalho deve, contudo, ser aprovado e aconselhado pelos profissionais e, sobretudo, adequado à personalidade do animal.

O mais errado que os donos fazem é irem ao YouTube ver vídeos e acharem que em casa conseguem fazer igual, porque o cão que está em casa jamais será na totalidade igual ao que está na televisão. Logo aí, o treino não pode ser igual. O erro mais comum é esse mesmo, é as pessoas acharem que os cães são todos iguais e que aquilo é igual para todos. Não, não é! Eu trabalho com cães há 24 anos e, ainda hoje, cada cão que entra na escola é uma aventura para mim”, conclui Paula Moreira.

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