Rotundas continuam a pôr cabeça à roda aos condutores - TVI

Rotundas continuam a pôr cabeça à roda aos condutores

Cerca de mil automobilistas são multados por ano por não circular nas faixas interiores das rotundas. Infrações por níveis de álcool acima dos 0,2 g/l em profissionais e recém-encartados começam a diminuir

Quase três anos após a entrada em vigor de cerca de sessenta alterações ao Código da Estrada, mais de três mil portugueses já foram apanhados a cometer infrações em rotundas. E terão pago multas entre os 60 e os 300 euros.  

Números divulgados pelo Jornal de Notícias dão conta que, desde 1 de Janeiro de 2014, foram levantados 3195 autos a condutores por circulação incorreta: em vez de conduzirem pelas faixas interiores, seguem pela exterior, o que só deve acontecer antes da saída que se pretende usar.

O pior, a avaliar pelos dados divulgados, é que o número de infrações do género tende a aumentar: de 1104, em 2014, cresceu para 1127, em 2015. E este ano, já foram levantados 964 autos.

Uma das principais dificuldades que os condutores sentem tem a ver com o facto de as rotundas não terem todas a mesma configuração", é uma explicação dada ao JN pelo major Paulo Gomes, da Divisão de Trânsito da GNR.

A GNR garante ao jornal que não faz fiscalizações específicas à circulação em rotundas. Muitas das infrações são registadas por militares que circulam no trânsito.

Álcool vai descendo em profissionais e novos condutores

 A taxa de 0,2 gramas de álcool por litro de sangue passou a ser o limite desde 2014 para condutores de táxis, camionistas, motoristas de transportes de pessoas e condutores de ambulâncias. Tal como para quem tem carta de condução há menos de três anos.

Em 2014, ano de entrada em vigor deste limite, 857 condutores foram autuados com taxas de álcool superiores a 0,2 g/l. Em 2015, quando começou a chamada "carta por pontos", foram 777 e em 2016, até ao momento, o número baixou para 275.

Para a GNR, "os jovens estão hoje mais despertos para a condução sem álcool. Quando saem à noite já têm a preocupação de selecionar um condutor que não ingere", segundo as palavras de Paulo Gomes ao JN.

Crítico face ao álcool na estrada continua o presidente do Automóvel Clube de Portugal, para quem todos os números "são reveladores de que se continua a conduzir muito mal".

Vai-se para uma escola para tirar a carta e não para aprender a conduzir e a seguir treina-se na estrada o que não se aprendeu nas escolas", sustenta Carlos Barbosa.

Para o presidente do ACP, há ainda muito que pedalar para chegar ao ponto desejável. Incluindo o caso dos ciclistas que as alterações do Código da Estrada beneficiaram.

Os condutores de bicicletas aproveitaram os direitos que o Código da Estrada lhes trouxe, mas muitos não cumprem os deveres. Não param, por exemplo, nos sinais vermelhos. Além disso, deveriam ser obrigados a ter seguro e matrícula", defende Carlos Barbosa.

A Autoridade de Segurança Rodoviária não tem ainda números consolidados sobre os autos levantados contra ciclistas. Mas segundo dados estatísticos divulgados pelo Jornal de Notícias, houve um ligeiro aumento de acidentes entre 2014 e 2015: passaram de 1914 para 2025.

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