O que pensa o patriarca de Lisboa sobre a nova visão do Papa? - TVI

O que pensa o patriarca de Lisboa sobre a nova visão do Papa?

(REUTERS)

Papa Francisco «está a criar uma nova maneira de viver a Igreja». Há uma «nova realidade familiar», uma «maneira nova de ver os problemas», diz Manuel Clemente

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O patriarca de Lisboa entende que o Papa Francisco «está a criar uma nova maneira de viver a Igreja, com certeza, mesmo o que aconteceu nestas duas semanas [no Sínodo, em Roma]], em que se falou com a maior franqueza, às vezes com muito ímpeto, e o papa, imperturbável, [afirmando] 'continuemos, vamos para a frente'», nomeadamente no que toca ao assunto da família.

O Sínodo, que aconteceu entre 5 e 19 de outubro, inaugurou «uma maneira de exercer consensualidade». começou por dizer Manuel Clemente, numa conferência de imprensa de balanço do Sínodo, esta terça-feira, em Lisboa. «Isto é um novo movimento eclesial ou, se quiserem, a Igreja em movimento».

O patriarca português realçou que a reunião sinodal «envolveu uma caminhada e uma amplitude de intervenientes que é inédita». «Vamos ver até onde isto nos leva, não posso estar a prever, ninguém pode - se calhar, nem o papa Francisco - onde é que nós estaremos nesta revelação sobre esta realidade familiar, em outubro de 2015 [data do próximo Sínodo extraordinário], quando o papa, fruto de todas estas reflexões, nos oferecer uma exortação», afirmou, citado pela Lusa.

Manuel Clemente não tem dúvidas de que «há uma maneira nova de ver os problemas». E mais: «de orientar e conduzir a reflexão eclesial acerca destas temáticas tão centrais, como a que diz respeito à família, que o papa Francisco prossegue, que é de envolver constantemente a Igreja, não apenas e só o colégio episcopal - que é ele a cabeça -, mas em que que estejamos atentos à reflexão que se vai fazendo, e ouvir os especialistas. Julgo que isto vai marcar uma fase da vida da Igreja». 

Quis sublinhar, ainda, que no Sínodo prevaleceu «a validade da família cristã por maioria absoluta». Mas realçou «a nova realidade familiar», e citou o Evangelho para afirmar: «Temos de conciliar coisas novas com coisas velhas».

«A problemática familiar é transversal, mas hoje não é unívoca. Noutro tempo, quando se falava em família, estava tudo muito bem definido», disse o líder da diocese de Lisboa, acrescentando que atualmente há «uma abrangência maior de situações».

Dos documentos saídos da reunião em Roma, haverá agora um amplo debate nas dioceses, alargado a leigos e especialistas, cujo resultado será apresentado em Roma, em outubro do próximo ano, última etapa desta «caminhada», depois do inquérito nas dioceses aos católicos, e da realização do Sínodo em 2014.

O prelado que participou nos trabalhos, em representação da Conferência Episcopal de Portugal, afirmou que foram abordadas outras realidades, nomeadamente dos divorciados e recasados, que pretendem participar nos sacramentos, e dos homossexuais, tendo deixado claro que a Igreja não exclui ninguém.

Em 2015, assinalar-se-ão os 50 anos do documento conciliar «Gaudium et spes», que aborda questões como a relação Igreja-mundo, a dignidade humana, a família e a tecnologia.
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