Uma das maiores explorações de lítio da Europa ameaça três aldeias de Boticas - TVI

Uma das maiores explorações de lítio da Europa ameaça três aldeias de Boticas

Aldeias do concelho de Boticas ameaçadas pela possível construção de uma das maiores extrações de lítio da Europa. A exploração ameaça uma vale considerado Património Agrícola Mundial pela UNESCO.

As populações de três povoações do concelho de Boticas temem que uma exploração mineira as obrigue a sair do local onde nasceram e cresceram. Romainho, Muro e Covas são as três aldeias que formam a freguesia de covas do Barroso, a zona onde a mina vai nascer. Ao todo vivem aqui cerca de 150 pessoas.

No Vale do Cabrão, a 500 metros das três aldeias, foi descoberta uma das maiores reservas de lítio da Europa. Por isso, neste vale classificada pelas Nações Unidas como Património Agrícola Mundial, pode nascer a maior mina de lítio a céu aberto que o continente europeu já viu. 

O lítio é uma fonte de energia alternativa aos combustíveis fósseis, como o petróleo ou o gás natural. Baterias dos telemóveis, dos computadores portáveis e dos carros eléctricos são apenas alguns dos exemplo onde o lítio é usado. 

Há mais de 20 anos que toda a gente sabe que tem lítio debaixo dos pés, tal como quartzo e feldspato. E nas últimas décadas, esta gente do Barroso tem tido uma convivência pacífica com a extração mineira.

O que não sabiam é que, até 2020, uma multinacional inglesa, a Savannah Resouces, pretende alterar para sempre esta paisagem.

Em maio do ano passado, a Savannah comprou os direitos de concessão da mina do Barroso a uma outra empresa que detinha a concessão por 20 anos.  A área abrangida é superior a 542 hectares, o equivalente a 542 campos de futebol.

Os trabalhos de prospeção já começaram. Foram abertos mais de 250 buracos, uns maiores outros menores, uns no meio do vale outros perto das casas. Um dos buracos tem 150 metros de profundidade, 550 metros de largura por 650 de comprimento

Responsáveis da multinacional dizem que não sabem se os habitantes podem cá ficar, mas sabem que a ideia é montar aqui uma mina, que vai trabalhar 24 horas por dia, todos os dias do ano.

Sabem que é preciso rebentar a rocha, e para isso vão recorrer a explosivos. As detonações deverão acontecer no período entre as oito da manhã e as oito da noite. Tudo isto a menos de 500 metros das três aldeias

As populações das aldeias tem medo que o governo venha a considerar a mina de lítio um projecto de interesse nacional, e que "as pessoas tenham de vender os terrenos por tuta e meia".

A Savannah Resources diz que o projeto da mina vai trazer progresso à terra e promete criar cerca de 150 empregos diretos. Argumento que não convence o povo das aldeias.

Se o projeto avançar e caso se confirme que as casas fiquem dentro do perímetro de segurança, há famílias que garantem que vão deixar a aldeia.

 

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