Suspeito de roubo em Tancos é um ex-militar referenciado por tráfico de droga e armas - TVI

Suspeito de roubo em Tancos é um ex-militar referenciado por tráfico de droga e armas

Homem terá tido a cumplicidade da GNR e da PJ Militar para devolver o material furtado

O suspeito do roubo de armas nos paióis de Tancos é um ex-militar referenciado por tráfico de armas e de droga. O suspeito já foi identificado pela Polícia Judiciária (PJ), confirmou a TVI. Trata-se de um homem na casa de 30 anos, nascido e criado no Algarve.

De acordo com o jornal Público, que avançou inicialmente a notícia, o homem terá tido a cumplicidade de elementos da GNR e da PJ Militar para devolver o material furtado.

O homem foi militar, mas nunca pertenceu aos quadros das Forças Armadas. Ter-se-á valido de informações privilegiadas por parte de ex-colegas para conseguir tirar o material de Tancos. Assustou-se, contudo, com a repercussão do caso e quis devolver o material roubado.

De acordo com o que a TVI conseguiu apurar, o suspeito contactou um ex-companheiro, militar do Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Loulé. Este terá falado com um superior, que contactou elementos da PJ Militar. O plano era a PJ Militar ficar com os louros da descoberta do material furtado e, em troca, encobria-se a autoria do furto.

Esta terça-feira, a Polícia Judiciária civil montou um operação para deter quatro membros da PJ Militar, entre eles major Pinto da Costa, sargento Carvalho, coronel Luís Augusto Vieira, três elementos da GNR (sargento Lima Santos, sargento José Gonçalves e sargento José Ataíde) e um civil. Foi ainda pedida a detenção de um militar que está em missão na República Centro Africana. Tratar-se-á de um antigo porta-voz da PJ Militar.

Veja também: 

A TVI apurou que em causa, está o encobrimento de armas relacionado com tráfico de armas e viciação de elementos de prova em processo penal. 

Uma informação que vai de encontro ao esclarecimento feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR), já esta terça-feira à noite. Diz a PGR que o inquérito no âmbito do qual decorreram diligências “é autónomo do instaurado na sequência do desaparecimento de armas ocorrido em Tancos”. As diligências estão relacionadas com o processo de investigação ao aparecimento de armas na Chamusca

Segundo a PGR, no inquérito no qual decorreram as detenções, “investigam-se as circunstâncias em que ocorreu o aparecimento, em 18 de outubro de 2017, na região da Chamusca, de material de guerra furtado em Tancos”.

Numa nota enviada às redações, a PGR explica que “os crimes em investigação no processo que tem por objeto as circunstâncias em que ocorreu o aparecimento do material de guerra não constam do elenco do art.º 47.º n.º 1 do Estatuto do Ministério Público (EMP)”.

Assim, a competência para a direção do inquérito foi atribuída ao DCIAP, pela Procuradora-Geral da República, nos termos do art.º 47.º n.º 3 al. b) do mesmo diploma, atenta a gravidade dos factos e a complexidade da investigação”, adianta, afirmando que, “não constando os crimes em investigação do elenco do art.º 47.º n.º 1 do EMP, a competência para o interrogatório compete ao Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa”.

 

Tal como já havia sido informado, nos termos do art.º 22 do Estatuto dos Militares das Forças Armadas, a detenção de militares no ativo, fora de flagrante delito, é requisitada aos seus superiores hierárquicos pelas autoridades judiciárias”, explica a PGR, no comunicado, acrescentando que “este procedimento foi seguido, sendo que, no caso concreto, o superior hierárquico do diretor da PJM é o Ministro da Defesa”.

O diretor do DCIAP e a Procuradora-Geral da República procederam à entrega formal ao Ministro da Defesa da notificação da diligência pretendida, a qual foi concretizada posteriormente, nos termos da lei, por militar de patente superior, esclarece a PGR.

Reitera-se que nem a Procuradora-Geral da República nem o diretor do DCIAP estavam presentes no momento da detenção”, adianta.

Na Operação Húbris, participaram cinco magistrados do Ministério Público e cerca de uma centena de investigadores e peritos da Polícia Judiciária.

Segundo a PGR, o inquérito corre termos no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), sendo o Ministério Público coadjuvado pela Unidade Nacional Contra Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária.

O furto de material militar dos paióis de Tancos - instalação entretanto desativada - foi revelado no final de junho de 2017. Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.

Em 18 de outubro, a Polícia Judiciária Militar recuperou, na zona da Chamusca, quase todo o material militar que tinha sido furtado da base de Tancos no final de junho, à exceção de munições de nove milímetros.

Contudo, entre o material encontrado, num campo aberto na Chamusca, num local a 21 quilómetros da base de Tancos, havia uma caixa com cem explosivos pequenos, de 200 gramas, que não constava da relação inicial do material que tinha sido furtado, o que foi desvalorizado pelo Exército e atribuído a falhas no inventário.

 

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