Através da criação de perfis «fantasma» (os Shadow profiles), uma espécie de cópia de segurança para os dados dos utilizadores, e baseando-se nas conexões de um indivíduo, foi possível determinar a orientação sexual de utilizadores, mesmo que estes não a tenham disponibilizado ao público.
Como a rede social vive de conexões entre utilizadores, como conversas, partilhas, fotografias, entre outros, quanto mais «amigos» se tiver, mais preciso será o perfil «fantasma».
Ainda no ano passado o Facebook foi criticado justamente por criar este género de perfis, os quais continham informações, como números de telefone, conseguidas através de contas de amigos.
Segundo o «El País», o estudo dos investigadores do ETH baseou-se em 20 milhões de perfis da antiga rede social «Friendster» (popular no início do novo milénio), dos quais três milhões disponibilizavam informações pessoais como contactos, idade e sexo. Somente estes utilizadores tinham um total de 11 milhões de ligações, que poderiam revelar dados seus e de outras pessoas indiretamente.
Estudos anteriores já tinham mostrado que homens homossexuais podem ser «detetados» numa rede social tendo por base o número de amigos publicamente gays que têm. Partindo deste princípio, os investigadores analisaram perfis de homossexuais, heterossexuais ou bissexuais, pessoas que disponibilizaram essa informação ao Friendster, e um algoritmo analisou as suas conexões dentro da rede.
O mesmo algoritmo analisou, depois, as conexões de quem não disponibilizava estas informações, e concluiu que a probabilidade de inferir alguns dados era maior, quanto maior fosse a rede de ligações. Ou como explica um dos autores do estudo:
«Isto sugere que os homens homossexuais que não revelam a sua orientação têm maiores riscos de ver os seus dados revelados se outros utilizadores começarem a revelar a sua orientação».
Os investigadores foram mais longe e tentaram descobrir a orientação sexual de pessoas que não estavam sequer inscritas na rede social.
«A ideia é quando um utilizador partilha os seus contactos com uma rede social online, esta pode descobrir quais os e-mails que não têm uma conta associada e gerar um perfil «fantasma» para estas pessoas. Se esses indivíduos surgirem em mais listas de contactos, pode ser possível descobrir a sua localização, idade, sexo», escreveu um dos autores do estudo.
Os investigadores experimentaram o algoritmo com alguns «não-utilizadores» e os resultados foram mais ou menos os mesmos. Quantos mais «amigos» forem aderindo a uma rede social mais fácil será para descobrir os dados de outra pessoa.
«Os não-utilizadores são alvos de virem a perder a sua privacidade à medida que outros indivíduos se registam em redes sociais, potencialmente revelando também os seus contactos», escreveu o mesmo autor.