«Estavam todos tão habituados a eu não estar lá que nem notaram quando eu voltei a estar presente», disse Martin numa entrevista à Rádio Pública Nacional, na África do Sul.
Durante esses 10 anos, Martin tinha conhecimento do que acontecia à sua volta. Sabia que todos os dias, às cinco da manhã, o pai o vestia e levava para o centro de cuidados, e que no final do dia o ia buscar, lhe dava banho e o jantar, e o deitava. Sabe também que, de duas em duas horas, alguém da família o ia virar, para que Martin não ficasse com feridas.
Tudo começou no final dos anos 80. Enquanto os médicos tentavam fazer o diagnóstico preciso da meningite criptococose que Martin tinha, o jovem ia perdendo capacidades. Deixou de falar, de se mover e até de fazer contacto visual com a família. Tinha 12 anos e estava em estado vegetativo.
No seu livro «Ghost Boy: My Escape From A Life Locked Inside My Own Body» (Rapaz Fantasma: a Minha Saída de uma Vida Preso no meu Próprio Corpo, numa tradução livre em português), Martin partilha estas experiências e outras. Conta, por exemplo, como no centro de cuidados via sempre os mesmos desenhos animados e começou a odiá-los. Ou como ouvia todas as palavras dos pais, incluindo as ditas pela mãe, Joan Pistorius, que mais o marcaram: «Espero que morras».
É a história de uma família que não desistiu durante 12 anos, mesmo quando nenhum médico lhes dava esperança, e agora pode ouvir um «obrigado» do filho que, de alguma maneira, presenciou todo o sofrimento e voltou.
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— Patricia Johnson (@johnspatricc) 14 janeiro 2015