Mergulhador peruano continua insuflado há quatro anos - TVI

Mergulhador peruano continua insuflado há quatro anos

  • 26 fev 2018, 14:01
Alejandro Ramos Martinez - mergulhador/mariscador peruano

Alejandro Ramos Martinez tornou-se um caso a olhos vistos. Nas ruas, é olhado como "um animal raro". No Centro Naval do Peru, os médicos têm-no vindo a observar para descobrir como resolver o problema

Mergulhador e mariscador, desde que se conhece, há quatro anos que Alejandro Ramos Martinez carrega consigo o peso de uma aparência estranha, causada, tudo o indicada, por um mergulho complicado, com um regresso à superfície demasiado rápido.

As consequências estão à vista. O peruano Alejandro, de 56 anos, vive na cidade piscatória de Pisco, 230 quilómetros a sul da capital, Lima. Tem menos de 1,60 metros de altura, mas vê-se obrigado a vestir camisolas XXL, como se fosse um jogador de futebol americano.

As pessoas param e ficam a olhar para mim como se fosse um animal raro", confessou Alejandro à reportagem feita pela página online da britânica BBC.

Braços, barriga, peitorais, são as zonas do corpo de Alejandro que continuam insulfladas há quatro anos. O caso tornou-se notícia em todo o Peru e levou o Centro Médico Naval daquele país sul-americano a tentar solucionar o caso.

Hipótese do azoto

Mergulhador e mariscador artesanal, Alejandro usava um fato feito de câmaras de ar de pneus para trabalhar.

Como sempre e como com todos os mergulhadores peruanos que apanham mariscos nas profundezas, Alejandro era apoiado por um barco à superfície que lhe bombeava ar para a boca, através de uma mangueira.

Sucede que, em 2013, um barco que passou perto fez um golpe na mangueira com a hélice. Com falta de ar, Alejandro foi obrigado a subir de repente de uma profundidade de 36 metros.

Quando mergulhamos, estamos sob mais pressão e isso faz com que o oxigénio e ar passem por mudanças físicas", explicou à BBC,  Raúl Alejandro Aguado, um médico do Centro Naval.

Aparentemente, como o ar é composto em 78% por nitrogénio (ou azoto), a pressão do fundo do mar faz com que se dissolva e se aloje no tecido adiposo.

Durante o regresso à superfície, o nitrogénio entra no sistema sanguíneo, onde começa a retornar à sua condição gasosa.

É por isso que os mergulhadores devem subir fazendo paragens, porque uma subida rápida pode levar à criação de grandes bolhas de nitrogénio, capazes até de bloquear a circulação sanguínea: a chamada síndrome de descompressão.

Com uma subida lenta das profundezas, há tempo para que o gás percorra os vasos sanguíneos, chegando aos pulmões, de onde será expulso do corpo.

Gordura hipodérmica

Sucede que, o acidente profissional ocorrido com Alejandro, acabou por não convencer totalmente os médicos que o observam. Estes inclinam-se agora para um outro problema, originado por gordura em excesso desenvolvida a partir da hipoderme.

O médico Raúl Alejandro Aguado, considera que seria "imprudente", para já, tirar conclusões, mas admite que pode tratar-se de uma espécie de tumores gordurosos que afetam o mergulhador.

Se assim for, poderia ser uma doença congénita que não só se manifestou, por coincidência, após o acidente", sustenta o médico.

De qualquer forma, os médicos preparam-se para operar o mergulhador, gratuitamente, e fazer-lhe um transplante da anca, para lhe proporcionar mobilidade. Alejandro terá apenas de pagar a prótese e procura uma organização que lha possa custear.

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