Um homem, de 78 anos, vive sozinho na ilha de Budelli, em Itália, há 28 anos. Mauro Morandi nunca se identificou com o resto da sociedade e, quando o seu barco foi arrastado para a ilha italiana, optou por ficar por lá e viver completamente isolado.
Segundo a revista National Geographic, em 1989, no mar entre a Sardenha e Córsega, o motor do barco de Mauro avariou. O homem ficou à deriva, mas, com a força da água, o barco foi empurrado e acabou por atracar na margem da ilha de Budelli. Quando Mauro Morandi soube que o caseiro da ilha se tinha reformado, vendeu o barco e decidiu ficar a substituí-lo. Desde então que vive sozinho na ilha.
A ilha de Budelli pertence ao Parque Nacional do Arquipélago de Maddalena e é conhecida pela sua “Praia Rosa”, onde a areia é cor-de-rosa. A tonalidade incomum da areia é consequência de fragmentos de corais e conchas, que foram reduzidos a pó, lentamente, pela força das ondas do mar.
No início dos anos 90, o governo italiano reconheceu o “alto valor natural” da “Praia Rosa”. Por isso, a praia foi fechada, para que o seu ecossistema fosse preservado, e apenas algumas zonas permanecem acessíveis aos visitantes.
Depois de uma batalha legal de três anos, entre um empresário da Nova Zelândia e o governo italiano, para se decidir a quem pertencia a terra, o tribunal decidiu que a ilha de Budelli pertencia ao Parque Nacional da Maddalena.
Nesse mesmo ano, o parque questionou o direito de Mauro Morandi morar na ilha, o que deu origem à criação de uma petição, que já conta com mais de 18 mil assinaturas, que protesta contra o despejo do homem de 78 anos. O objetivo da petição é pressionar os políticos locais, para que Mauro Morandi não seja expulso da ilha.
Eu nunca irei sair daqui. Espero morrer aqui, ser cremado e ter as minhas cinzas dispersas no vento”, afirmou o habitante da ilha, de acordo com a National Geographic.
Como Mauro Morandi passa o tempo na ilha?
Apesar de ter uma certa aversão a pessoas, Mauro fala com os turistas, que visitam a ilha no verão, sobre o ecossistema e ensina-os a protegê-lo.
Eu não sou botânico nem biólogo. Sim, eu conheço o nome de plantas e animais, mas o meu trabalho é muito diferente. Cuidar de uma planta exige técnica. Eu tento fazer com que as pessoas percebam por que as plantas precisam de viver”.
Mauro Morandi acredita que ensinar as pessoas a apreciarem a natureza é mais eficaz, para acabar com a exploração dos ecossistemas, do que a ciência.
Gostaria que as pessoas entendessem que devemos tentar não olhar para a beleza, mas sentir a beleza com os olhos fechados”.
O habitante da ilha de Budelli passa longos períodos, por vezes mais de 20 dias, sem ter qualquer contacto com outras pessoas. Encontra consolo na introspeção silenciosa e passa muito tempo na praia, apenas a ouvir os sons do vento e das ondas.
Estou preso aqui. Foi a prisão que escolhi para mim”.
Mauro também faz esculturas em zimbro, lê e medita sobre a sabedoria dos filósofos gregos e de outros escritores. Além disso, tira fotos à ilha e maravilha-se com as mudanças que acontecem na natureza, de hora a hora e de estação a estação.