Cirurgião marcou as próprias iniciais no fígado de pacientes - TVI

Cirurgião marcou as próprias iniciais no fígado de pacientes

  • JFF
  • 15 dez 2017, 18:50
Cirurgia

Britânico Simon Bramhall declarou-se culpado das acusações que remontam a duas operações em fevereiro e outubro de 2013

Um cirurgião inglês de 53 anos admitiu ter marcado as suas iniciais no fígado de dois pacientes, enquanto procedia a uma cirurgia de transplante. Numa audiência que teve lugar quarta-feira no Tribunal de Birmingham, no Reino Unido, Simon Bramhall declarou-se culpado dos crimes de agressão de que foi foi acusado, relativo aos incidentes que ocorreram a de fevereiro e 21 de agosto de 2013. No entanto, perante o Tribunal da Coroa de Birmingham insistiu estar inocente no que diz respeito às acusações de agressão com danos corporais.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, o médico serviu-se de um instrumento cirúrgico, utilizado para estancar hemorragias no fígado durante as operações, e marcou as inicias “SB” no fígado dos dois pacientes, um deles desconhecido e outro cujo nome está protegido por uma ordem do tribunal. O procedimento com o instrumento cirúrgico denominado coagulador por feixe de gás de argónio não é prejudicial para o paciente e normalmente as marcas causadas pelo mesmo acabam por desaparecer. 

Bramhall foi suspenso em maio de 2013 do Hospital Queen Elizabeth, em Birmingham, onde trabalhou durante 12 anos, após a queixa de um colega que descobriu as marcas em questão, durante uma consulta de acompanhamento a um dos pacientes após a cirurgia. Um ano depois, o médico inglês apresentou a demissão, após um processo disciplinar. Na altura, falou com a imprensa, alegando que a marcação das iniciais nos fígados tinha sido um engano.

O procurador Tony Badenoch QC descreveu o caso como "altamente incomum" e "sem precedentes". Perante o tribunal, o promotor acrescentou ainda que, o facto de Simon se ter confessado culpado, "representa a aceitação de que o que ele fez não era só eticamente incorreto, mas também criminalmente errado".

Os dois pacientes encontravam-se sob o efeito da anestesia quando as agressões aconteceram, mas Simon não estaria sozinho na sala de operações.

Tudo aconteceu na presença de colegas. Foi uma aplicação intencional de força ilegal sobre um paciente anestesiado. O ato de marcar o fígado dos pacientes foi deliberado e consciente" revela ainda Badenoch.

A procuradora responsável pelo caso, Elizabeth Reid, classificou as ações do cirurgião como uma quebra da confiança que os pacientes colocaram no médico.

“Foi uma aplicação intencional de força ilegal num paciente anestesiado”, disse, citada pelo The Guardian, “O ato de marcar as iniciais no fígado, algo completamente desnecessário, foi pensado e consciente”.

Em fevereiro de 2017, Bramhall recebeu um aviso formal do Conselho Médico Geral, que condenava a atitude, que em nada se enquadrava com o que são as funções de um médico.

Um antigo paciente de Simon Bamhall, Tracy Scriven, declarou ao Birmingham Mail que o médico deveria ser imediatamente reintegrado.

“Mesmo que ele tenha posto as iniciais dele num fígado transplantado, isso é realmente mau? Não me teria feito diferença se ele me tivesse feito isso. O homem salvou-me a vida”, defendeu.

A sentença vai ser conhecida no dia 12 de janeiro.  Simon Bramhall pode enfrentar uma pena máxima de seis meses de prisão e/ou multa. 

Continue a ler esta notícia