Ota: «Não há tempo a perder» - TVI

Ota: «Não há tempo a perder»

Mário Lino e Paulo Campos (foto Tiago Petinga/Lusa)

Ministro disse desconhecer documentos que indiquem outras soluções e sublinhou que «não estão publicados na net». E quem contesta agora, diz, por que não falou antes? PS vai mais longe ainda e pergunta: «De quem são os terrenos no Poceirão?»

«Não há tempo a perder» e o aeroporto na Ota vai mesmo avançar. A garantia é do ministro Mário Lino, que reafirmou esta quarta-feira, na Comissão de Obras Públicas, não conhecer estudos que indiquem que esta localização para o novo aeroporto de Lisboa «não é uma opção viável».

Esta certeza do ministro não evitou, contudo, a troca de mimos com a oposição. Mário Lino tentou desmontar todos os argumentos recentemente vindos a públicos e baseados em estudos que que disse «desconhecer» e que «não estão publicados na net».

Perante as intervenções dos deputados, que o questionaram sobre a falta de consenso entre os técnicos, na escolha da Ota como melhor localização para o Novo Aeroporto de Lisboa (NAL), o ministro respondeu com uma pergunta: «Por que só falam agora, quando a decisão foi tomada em 2000»?

A construção do aeroporto na Ota «é um projecto sustentável tecnicamente», sublinhou Mário Lino, garantindo que «não durará apenas 13 anos». Admitiu, contudo, não saber ao certo o tempo de vida da infra-estrutura, mas garantiu que «será suficiente».

Quanto às dificuldades dos terrenos com lodo, e que vão levar a uma grande movimentação de terras, o ministro justifica que «qualquer projecto tem problemas de engenharia para resolver». Perante esta resposta, Luís Marques Guedes, deputado do PSD, respondeu ironicamente: «até pode fazer um aeroporto na serra de Sintra».

De quem são os terrenos

Mas entre várias perguntas concretas que ficaram sem resposta de Mário Lino parece clara que a visão dos estudos «conhecidos e publicados na net» é diferente. Para o ministro todos consideram a Ota «viável» e para a oposição alguns documentos colocam a opção Ota «em último lugar».

José Soeiro, do PCP, lembrou mesmo que uma coisa «é perguntar se é possível construir uma aeroporto na Ota e outra é saber se essa é a melhor escolha. Principalmente pelos custos, «mais de três mil milhões de euros», lembrou, acrescentando que são essas dificuldades técnicas da construção do projecto que agravam o valor final.

Já o PSD trouxe à discussão o nome de António Diogo Pinto, o engenheiro responsável pela construção do aeroporto de Macau, e que se mostra contra a opção Ota. Este especialista garantiu recentemente que o projecto noutro local pode custar menos de metade do previsto e demorar 80 meses a construir».

o socialista Miguel Coelho, por seu lado, lembrou a polémica em redor dos proprietários dos terrenos da Ota e garantiu que «os seus nomes estão publicados na net». Em seguida questionou: «E os donos dos terrenos no Poceirão, quem são»? Esta perspectiva visava desmontar a teia de interesses em redor da construção naquela zona.

Mário Lino garantiu que o não é «autista, nem teimoso» apenas tem responsabilidade para com o país e Portugal não se pode atrasar mais na questão dos transportes aeroportuários». Mas a oposição não parece ter ficado convencida, o que deixa antever mais debates sobre esta questão.
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