«Cheguei ao Acuña, lembrei-me da Madeira e agredi-o com uma chapada» - TVI

«Cheguei ao Acuña, lembrei-me da Madeira e agredi-o com uma chapada»

De Alcochete às claques. O julgamento começou a 18 de novembro, um ano e meio depois do ataque à academia de Alcochete, com 44 arguidos. Mas se esse processo está nas mãos da justiça, a questão das claques arrasta-se. O Sporting cortou relações com os seus grupos organizados, que foram formalmente suspensos. A questão das claques é complexa e persistem outros problemas, como a não legalização de vários grupos, nomeadamente aqueles associados ao Benfica. O clube chegou a ser castigado pelo IPDJ, mas essa decisão foi anulada em tribunal.

O testemunho de Ricardo Neves, arguido no julgamento da invasão à Academia de Alcochete. Outro dos arguidos diz que só ia à academia ver o treino e arranjar bilhetes e conta o que lhe disse Jorge Jesus quando se cruzou com ele

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Ricardo Neves, um dos arguidos do julgamento da invasão à Academia do Sporting, a 15 de maio de 2018, admitiu em tribunal que agrediu Marcos Acuña.

«No balneário, passei por eles [os jogadores] um a um até que cheguei ao Acuña, lembrei-me de toda a situação que tinha visto na Madeira e agredi-o com uma chapada», disse na 35.ª sessão do julgamento, que decorre no tribunal de Monsanto, em Lisboa.

Ricardo Neves disse que o jogador argentino reagiu com estupefação, sem demonstrar qualquer tipo de hostilidade após a agressão. «Até se sentou», recordou.

O arguido, de 24 anos, admitiu ter lançado uma tocha para debaixo do carro de Nélson Pereira, ex-guarda-redes do Sporting e membro da equipa técnica.

Ricardo Neves disse depois que a ida à academia tinha como objetivo contestar os jogadores. «Depois do jogo da Madeira era preciso questionar os jogadores. (...) Eu achava que ao fazer aquilo eles percebiam o que o clube significava para a gente e esperava que fosse uma motivação para a final da taça [de Portugal]», confessou.

O arguido disse ainda que «não tinha intenção de bater noso jogadores», embora tivesse admitido ter sugerido isso numa troca de mensagens nos grupos de WhatsApp. «Apenas porque estava frustrado», garantiu.

Eduardo Nicodemes, outro dos arguidos que testemunhou esta sexta-feira, disse que não estava integrado no grupo que se deslocou à academia para confrontar os jogadores. Ia, frisou, para «ver o treino e tentar arranjar bilhetes», tendo acabado por juntar-se quando viu uma caravana de carros a chegar.

Eduardo Nicodemes, de 48 anos, assumiu ter sido o último a entrar na academia e que usou um colete na cabeça por causa da presença dos jornalistas e disse ter encontrado o treinador em pânico. «Das primeiras pessoas que vi foi o Jorge Jesus que me disse: ‘Tu és dos mais velhos ajuda-me, passa-se ali qualquer coisa, está a haver problemas’», lembrou o arguido, que, apesar de ter dito que só soube do que estava a ser combinado no dia do próprio ataque a seguir ao almoço, estava também incluído nos grupos de WhatsApp nos quais foi combinado o ataque à academia.

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