Mais de 380 mil portugueses sofrem de obesidade mórbida - TVI

Mais de 380 mil portugueses sofrem de obesidade mórbida

  • Portugal Diário
  • Susana Nicolau
  • 15 out 2005, 00:00
Obesidade mórbida

Patologia pode ser resolvida com a colocação de banda gástrica mas os obesos mórbidos têm que esperar «no mínimo dois anos» pela operação. «Um período demasiado extenso» que coloca a vida em risco. Actualmente há cerca de 2000 portugueses em lista de espera

Dos quatro milhões de obesos que existem em Portugal, um milhão são obesos graves e cerca de 380 mil portugueses sofrem de obesidade mórbida considerada elevada. Têm um índice de massa corporal (IMC) superior a 50 quando esta doença é definida por um IMC superior a 40, refere em comunicado a Organização Médicos do Mundo.

Os números tornam-se ainda mais alarmantes se pensarmos que «a tendência é para aumentar» caso não se tomem medidas de combate à doença, explica ao PortugalDiário o presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia de Obesidade (SPCO), António Sérgio.

Quem sofre de obesidade mórbida pode ver o seu problema resolvido com uma cirurgia restritiva, mais precisamente com a colocação de uma banda gástrica. «Um método cientificamente comprovado para uma perda de peso acentuada. A colocação de uma braçadeira na parte superior do corpo restringe, de um modo definitivo, a ingestão e absorção dos alimentos ingeridos», refere o presidente da Associação de Obesos e ex-obesos de Portugal (ADEXO), Carlos Oliveira que há quatro anos colocou esta «ferramenta» no estômago e já perdeu cerca de 50 quilos.

Apesar de envolver alguns riscos para a saúde «os benefícios são em maior número», garante o cirurgião António Sérgio. «Por não haver invasão de qualquer órgão e por ser facilmente reversível, as cirurgias restritivas e, mais propriamente, a banda gástrica são as que têm menores riscos».

Há, no entanto, outros tipos de cirurgias, mas é a banda gástrica que «tem melhores resultados e traz menos complicações para o doente», explica a mesma fonte. «O índice de mortalidade em cirurgias de colocação de banda gástrica situa-se abaixo de um por cento. O número sobe quando se fala de outros tipos de intervenções», esclarece o presidente da ADEXO.

«94 por cento dos doentes operados perdem cerca de 70 por cento de excesso de peso nos dois anos seguintes», conta o cirurgião do Porto.

A acreditar no sucesso desta técnica, que existe em Portugal há nove anos, hospitais públicos e privados têm um rol de pacientes à espera. Como em qualquer outra intervenção cirúrgica, as listas são «bastante longas» e os doentes têm que esperar, «no mínimo, dois anos». Apesar de não existirem números exactos, «pensa-se que em todo o país, deverão estar à espera de cirurgia para a obesidade mórbida cerca de 2000 pessoas».

Sendo esta uma doença crónica, mais de dois anos à espera é «um período demasiado extenso porque a acumulação excessiva de massa gorda no corpo provoca lesões nos órgãos» e, logo, «complicações de saúde graves que colocam a vida do obeso mórbido em risco», conta o presidente da SPCO recordando-se de um caso que acompanhou de perto: «Enquanto esperava pela cirurgia [a paciente] aumentou de peso, agravando a apneia do sono, uma das doenças que já tinha. Faleceu mesmo antes de ser operada por morte súbita, provavelmente provocada por paragem respiratória enquanto dormia».

De acordo com o cirurgião contactado pelo nosso jornal, para solucionar esta lacuna do sistema «deveriam ser formadas unidades autónomas para tratar a patologia mais rapidamente e com melhor qualidade. Os Estados Unidos e o Brasil têm centros de excelência que funcionam assim e com óptimos resultados».

Para comemorar o Dia Mundial da Alimentação, assinalado este domingo, a Organização Médicos do Mundo participa num evento organizado pela Câmara Municipal de Oeiras para alertar e «educar» a população para os riscos associados à obesidade e avaliar a situação de saúde através de rastreios gratuitos de Colesterol, IMC e Glicemia.
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