Alqueva: chovem críticas à refinaria espanhola - TVI

Alqueva: chovem críticas à refinaria espanhola

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José Sócrates e alguns autarcas receiam que a Refinaria espanhola ponha em causa a segurança do Alqueva, mas confiam nas Instituições especialistas

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Os autarcas do regolfo do Alqueva reiteraram, esta quarta-feira, críticas ao projecto de uma refinaria de petróleo na Estremadura espanhola, noticia a Lusa. Mas afirmaram confiar na defesa dos interesses nacionais pelas autoridades portuguesas.

«A consulta pública deste projecto surgiu em boa hora e espero que se faça luz sobre questões importantes que não estavam analisadas», afirmou José Calixto, vice-presidente do município de Reguengos de Monsaraz (Évora), esta quarta-feira, à Agência Lusa.

«Tenho confiança na capacidade técnica da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para fazer ver às autoridades espanholas e europeias as nossas preocupações e ter força suficiente para impedir o projecto, caso se chegue à certeza de que é prejudicial para o Alqueva e para Portugal», disse.

Riscos no ambiente e no turismo

O projecto de construção e os eventuais impactos transfronteiriços da refinaria Balboa, promovida pela Refinería Balboa, S.A., do grupo Alfonso Gallardo, estão em consulta pública em Portugal até hoje, no âmbito da Avaliação de Impactos Ambientais.

A refinaria está projectada para o município de Santos de Maimona, província de Badajoz (Estremadura) e a sua construção tem suscitado críticas dos dois lados da fronteira, de ambientalistas portugueses e espanhóis, assim como de autarcas alentejanos e investidores turísticos em Alqueva.

Os receios são que a refinaria prejudique o ambiente e a saúde pública, sobretudo com a contaminação do ar e da bacia hidrográfica do rio Guadiana e da albufeira de Alqueva, para onde estão previstos projectos turísticos.

Os promotores turísticos afirmaram também esperar que o parecer das entidades portuguesas relativamente ao projecto reflicta o "mesmo rigor" exigido aos seus empreendimentos.

Sócrates defende Ambiente

O primeiro-ministro, José Sócrates, numa visita a Alqueva este mês, também sustentou que a refinaria Balboa não deverá ser construída «se puser em causa os valores ambientais» do Alqueva.

Para José Calixto, esta preocupação é legítima, não só porque «há um conjunto muito grande de incógnitas em relação ao projecto e à sua solidez económico-financeira e ambiental», como também pelo facto dos impactos transfronteiriços não terem sido «analisados».

«O que mais me choca é esta falta de sensibilidade, na fase de elaboração do projecto, para os impactos transfronteiriços, porque os promotores dizem que eles não existem, mas nem sequer os analisaram. A ciência não se faz de dogmas», criticou.

O autarca de Reguengos de Monsaraz defendeu que estes receios «têm que ser traduzidos na avaliação da APA» e lembrou os «muitos milhões de euros» investidos em Alqueva.

Já o presidente da Câmara Municipal de Mourão, Santinha Lopes, também reafirmou ser «contra» a refinaria, mas disse acreditar nas «instituições e no Governo português», assim como «em Bruxelas».

Também o presidente do município de Portel, Norberto Patinho, recusou igualmente «alarmismos» e, embora encare a eventual construção da refinaria com «preocupação», insistiu na confiança nas autoridades portuguesas.
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